Jovens apresentam a maioria dos casos que estão lotando a UPA Sabará, especializada em covid-19
Telma Elorza
O LONDRINENSE
Um vírus particularmente forte da Influenza está se espalhando por Londrina nos últimos dias. A gripe, com fortes sintomas, tem afetado boa parcela da população, principalmente jovens. Segundo informações de várias pessoas que tiveram a gripe, a doença “derruba” a pessoa na cama, com dores pelo corpo, tosse, febre, garganta inflamada. Os sintomas são parecidos com a da covid-19. De acordo com as informações repassadas, os pacientes estão procurando a UPA Sabará – a única que ainda dá atendimento a covid -, para fazer o teste. A TV Tarobá mostrou que, na noite desta segunda-feira (3), a UPA estava superlotada, com uma média de espera de cinco horas para atendimento. Com o avanço da vacinação e redução nos casos de covid, a Prefeitura desabilitou outros centros especializados na doença.
Para os pacientes que negativam para covid, as orientações que estão recebendo é que mantenham isolamento por, pelo menos, uma semana. Segundo uma das pessoas gripadas, que preferiu não se identificar, ela fez dois testes de covid, um rápido e um RT-PCR, mas negativou em ambos. “Eu fiz o teste rápido em uma farmácia, porém fiquei com medo de um falso negativo porque os sintomas estão muito fortes. Aí procurei a UBS e fiz o padrão, mas também negativou. Me falaram que é a Influenza, mas não sei qual tipo”, contou.
O tatuador Zé Cuervo não pegou a gripe, mas está se mantendo isolado porque a colega de apartamento está com a doença. “Para prevenir, fiz o teste e deu negativo. Mas como minha colega está bem gripada, fomos orientados a manter isolamento um do outro. Para garantir, desmarquei trabalhos nesta semana”, conta. Segundo ele, tem vários conhecidos que estão gripados. “Tem uma galera bem zoada. Acho que foi resultado das festas de Natal. E a situação vai piorar, porque teve também muitas festas de Ano Novo”, diz.
O principal receio é a nova variante da Influenza, H3N2, tenha chegado com força a Londrina, que já registrou casos segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Mesmo com letalidade menor que a covid-19, o H3N2 tem mais chances de evoluir para casos graves em grupos de risco (crianças, idosos, gestantes e indivíduos com comorbidades). A propagação do vírus pode ter relação com a baixa cobertura vacinal contra a gripe e com a flexibilização das medidas de restrição e prevenção adotadas contra a covid-19.
Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, são conhecidos três tipos de vírus influenza: A, B e C. Os dois primeiros são mais propícios a provocar epidemias sazonais em diversas localidades do mundo, enquanto o último costuma provocar alguns casos mais leves. O tipo A da influenza é classificado em subtipos, como o A (H1N1) e o A (H3N2). Já o tipo B é dividido em duas linhagens: Victoria e Yamagata. Embora possuam diferenças genéticas, todos os tipos podem provocar sintomas parecidos, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabeça, no corpo e nas articulações, calafrios e fadiga.
De acordo com o Ministério, o vírus H3N2 é uma variante do vírus Influenza A, que é um dos principais responsáveis pela gripe comum e pelos resfriados, sendo facilmente transmitido entre pessoas por meio de gotículas liberadas no ar quando a pessoa gripada tosse ou espirra. Os sintomas são febre alta no início do contágio, inflamação na garganta, calafrios, perda de apetite, irritação nos olhos, vômito, dores articulares, tosse, mal-estar e diarreia, principalmente em crianças.
A Sesa confirmou, na segunda-feira (3), 224 novos casos de Influenza H3N2. No total, o Paraná soma 262 diagnósticos positivos, com um óbito. A transmissão da doença já é considerada comunitária: o contágio entre pessoas ocorre no mesmo território, entre indivíduos sem histórico de viagem e sem que seja possível definir a origem da transmissão. Segundo dados da Sesa, mais de 700 mil vacinas contra a Influenza ainda não foram aplicadas no Paraná por falta de procura. A vacina pode ajudar a prevenir quadros mais graves.
Flurona – Uma preocupação é a possibilidade da dupla infecção com Influenza e covid-19 ao mesmo tempo, que está sendo chamada de “Flurona” (junção da palavra flu – gripe em inglês – com corona). Três estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará – já apresentaram testes positivos para a dupla infecção. E os especialistas estão alertando que a tendência a é aumentar a incidência porque os dois vírus estão circulando ao mesmo tempo e são altamente transmissíveis.
O LONDRINENSE tentou falar com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, mas ele preferiu fazer uma entrevista coletiva, marcada para as 11 horas, em vez de atender o jornal.
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