Por Angelita Salvador
O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve suspensa a lei que criou o piso salarial dos profissionais de enfermagem.
O julgamento, ocorrido na ultima quinta-feira (15), seguiu a decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso, no início do mês, atendendo a uma ação apresentada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde).
A nova legislação – que permanece suspensa – institui o piso salarial nacional para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras, ou seja, o valor mínimo a ser pago para esses profissionais.
Os pisos estabelecidos pela lei são:
- enfermeiros: R$ 4.750
- técnicos de enfermagem: 70% do piso, chegando a R$ 3.325
- auxiliares e parteiras: 50% do valor, R$ 2.375
O centro da discussão está na equação entre a valorização dos profissionais da enfermagem e os impactos financeiros para instituições de saúde, estados e municípios.
Também são debatidas as fontes de custeio, ou seja, de onde virá esse dinheiro. É um dos destaques que Barroso considerou na liminar que suspendeu a aplicação imediata da lei.
Para o ministro, o Congresso Nacional e o governo federal não “cuidaram” desse ponto, e deu o prazo de 60 dias para entes públicos e privados da área da saúde esclarecerem o impacto financeiro, os riscos para empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços.
A CNSaúde, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) e outras entidades do setor alegam que, com os impactos da lei, as folhas de pagamento vão crescer, em média, em 60% – o que, de acordo com elas, pode causar:
- extinção de mais de 83 mil postos de trabalho;
- fechamento de mais de 20 mil leitos;
- aumento em 12% no valor dos planos de saúde.
A CMB, que representa os hospitais filantrópicos, prevê um acréscimo de mais de R$ 6,3 bilhões por ano nos custos das instituições.
Já a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou um estudo que aponta impacto de R$ 10,5 bilhões ao ano. Com isso, a entidade prevê:
- demissão de um quarto dos 143,3 mil profissionais de enfermagem ligados à Estratégia de Saúde da Família pelas prefeituras;
- desassistência de 35 milhões de brasileiros.
E ainda, a aplicação do piso pode resultar, sim, em reajuste nos planos de saúde e demissões.
Espero que tenham gostado, para mais dúvidas envie um e-mail para juridico@vilelasalvador.com.br
Boa semana, até domingo que vem!

Angelita Caroliny Vilela Salvador
É formada em Ciências Sociais e Direito, advogada e especialista em Direito e Processo do Trabalho. Professora universitária, atua na área empresarial com foco nas relações de trabalhos. Atualmente coordena um projeto voltado para auxiliar pequenos e microempresários.
Foto: Pixabay
Uma resposta
Foi uma irresponsabilidade do Congresso e desse Governo promulgar uma lei sem garantir sua efetividade, porque foi exatamente isso.
As demissões já são uma realidade, basta fazer o levantamento.
Agora, o revoltante é um saber que para trabalhador nunca tem disponibilidade de caixa, mas para o orçamento secreto 2023 já está garantido os 19 bilhões, 4 bilhões a mais.
Precisa distribuir melhor a renda, eis a questão.