Por Telma Elorza
“Estou em luto profundo há cinco anos, desde que meu noivo faleceu em um acidente seis meses antes do nosso casamento. Nesse tempo, por insistência da família e amigos, até tentei sair com outros homens, mas não consigo deixar de fazer comparações entre os caras e meu noivo, que era maravilhoso. Minha vida parece que parou com a morte dele e não consigo seguir em frente, me interessar por alguém. Me ajuda, por favor?”
Nossa, amiga, que trágico e triste. Só posso imaginar o seu sofrimento com a perda do seu noivo, tão próximo do casamento. Um trauma enorme na sua vida. Mas uma coisa me animou nisso tudo. Você pedir ajuda. Isso é fundamental para quem quer se curar. E, quem sabe, se apaixonar de novo.
Você tem mesmo que reagir. Sua família e amigos estão certos, você não pode se enterrar em vida por causa dessa perda. Já tentou fazer terapia? Procurar ajuda de um piscólogo para ajudar a vencer este luto que a paralisa. Ajuda muito.
Eu até entendo que você ache que não merece ser feliz, já que ele foi arrebatado assim, de repente, dos seus braços. Mas isso não é verdade. O que vou dizer a seguir pode parecer um monte de clichês reunidos, que você já deve ter ouvido de outros, mas às vezes é preciso ouvir também de um estranho para que entre na cabeça.
Você merece ser feliz, sim.
E ele não gostaria de ver você assim, paralisada, solitária e infeliz.
Se ele a amava o tanto que você o ama, com certeza gostaria que você seguisse sua vida. Se fosse o contrário, você quem morresse, gostaria de imaginá-lo sofrendo e fechado numa solidão sem fim?
A perda brutal e repentina de um amor deixa marcas sim. Mas elas podem ser mininizadas, clareadas, desde que você se empenhe para isso. Alimentar a dor é arrancar a casca da ferida e impedir a cicatrização.
Em vez de pensar no que perdeu, no que poderia ter sido num futuro, você tem que pensar no que tiveram juntos, uma linda história de amor, e guardar estes bons momentos para quando a dor ficar forte. Tirar força deles, mas não se prender a eles.
Noivo perfeito
Porque você deve lembrar de uma coisa: por mais apaixonados que estivessem um pelo outro, a relação de só era perfeita na sua memória amorosa. Com o tempo e o sentimento de perda, a gente tende a valorizar o lado bom e esquecer o ruim, idealizando uma perfeição que podia não existir na realidade.
Não sei quanto tempo, vocês ficaram juntos, mas não tiveram a oportunidade de ver a relação consolidada, entrando na rotina de um casamento, dos desgastes na relação. Por isso, você apenas lembra como seu noivo era perfeito e não dos defeitos que tinha. E sim, todo ser humano tem defeitos.
E não é justo para com os outros homens serem comparados com um ser idealizado.
Assim, eu sugiro que você tente lembrar do seu noivo como ele era na realidade, com seus defeitos, manias e tudo mais que o fazia único para você. Tire ele do altar e coloque a memória real no lugar. Só assim, você pode ter a chance de começar de novo.
Espero ter lhe ajudado.
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Siga O LONDRINENSE no Instagram
Arte: Mirella Fontana
Leia mais colunas do Consultório Sentimental da Tia Telma
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.
