Não quero que meu marido coloque a mão na minha herança

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Por Telma Elorza

“Recebi uma quantia em dinheiro da herança do meu pai e queria guardá-lo para comprar um apartamento. Só que meu marido está fazendo planos de ampliar a empresa dele com esse dinheiro. Não quero isso, mas como falar não sem abalar meu casamento que já não está muito bom?”

Olha, amiga, por lei, seu marido não tem direito a esse dinheiro, a menos que vocês tenham casado em comunhão universal de bens, que não é dos regimes mais comuns. Se casaram com comunhão parcial, que é praticamente o padrão no Brasil, ele não pode a obrigá-la a entregar o dinheiro, mesmo que recebida durante o casamento. Até um imóvel, comprado com esse dinheiro, deve ser registrado na escritura que foi adquirido com valores de herança, para que, em caso de divórcio, não venha a entrar nos bens adquiridos durante a união. Mas aconselho consultar um advogado para ter mais detalhes.

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Agora que você entendeu que esse dinheiro é exclusivamente seu, você é a única responsável por definir o que vai ser feito com ele. Se quiser gastar todinho, fazer uma plástica, uma viagem ou simplesmente entrar num shopping e gastar tudo de uma vez, o maridão não pode dar um pitaco.

Você tem até a opção de dar o dinheiro para ele (desde que conste em contrato que este dinheiro é seu, oriundo de herança, salvaguardando seus direitos sobre os rendimentos e bens da empresa, consulte o advogado). Mas, como diz que seu casamento não está bom, será que vale a pena? Nós, mulheres, abrimos mão de muita coisa para “salvar o casamento”, uma atitude que acaba nos prejudicando e muito. Esquecemos sonhos, desejos e planos para “ajudar” o marido que, na maioria das vezes, não retribui a dedicação.

Herança como catalizador

Mas, antes de tudo (a não ser consultar um advogado), você deve deixar claro para ele o que quer fazer com o dinheiro. E que ele não tem o direito de pressioná-la para dar um valor sobre o qual não tem direitos. Mesmo que ele insista que é pensando no futuro do casal. Se quer mesmo ampliar a empresa, talvez possa contratar linhas de crédito. O LONDRINENSE tem uma coluna que trata exatamente sobre isso. Mostre para ele.

A chegada dessa herança pode ser o catalizador que faltava para que você reavalie todo seu casamento, para ver ser há realmente possibilidade de “salvá-lo”. Pela minha experiência, observando meus erros e erros das minhas amigas em nossos casamentos, vi que insistimos em manter e investir na relação, além do ponto do salvamento, com a tola esperança que as coisas iriam melhorar. Infelizmente, na maioria dos casos, não melhora.

Então, mais que dizer NÃO a ele, talvez seja o caso de falar “quero me divorciar”. Mas, entenda, não estou fazendo apologia ao divórcio. Não sei realmente como está a situação do casal. É por isso que falo que você precisa reavaliar seu casamento, ver se os pontos negativos são mais numerosos que os positivos. Ou vice-versa. Só você pode realmente tirar qualquer conclusão. Só quero que entenda que, para salvar um casamento, é preciso que os dois façam esforços para isso. Só você não tem este poder.

E torno a repetir, consulte um advogado.

Espero ter ajudado.

Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br

Se o casamento for pela comunhão parcial de bens, o marido não tem direito de exigir que a esposa repasse sua herança para a empresa.
Tia Telma versão Inteligência Artificial

Quem é a Tia Telma

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

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Arte: Mirella Fontana

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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