Brasileiros estão entre os maiores usuários da Inteligência Artificial

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Por Fernando Peres

O Brasil se destaca como um dos líderes globais no uso da inteligência artificial (IA), superando a média mundial em sua aplicação. Segundo pesquisa realizada pela Ipsos e Google em 2024, 54% dos brasileiros utilizaram IA generativa, enquanto a média global foi de 48%. Esse crescimento reflete a versatilidade da tecnologia em setores cruciais, como ciência, medicina e educação, mas também acende um alerta para a necessidade de regulamentação robusta e inclusiva.

A confiança dos brasileiros na IA é evidente: 65% consideram a tecnologia promissora, superando a média mundial de 57%. Essa percepção otimista está vinculada ao impacto positivo da IA em áreas como o mercado de trabalho. Em apenas um ano, a confiança nas mudanças induzidas pela IA subiu de 62% para 68%, enquanto a porcentagem de trabalhadores que acreditam precisar de novos empregos caiu de 20% para 15%.

Apesar do entusiasmo, a ausência de regulamentação adequada preocupa especialistas. O Observatório Legal da Inteligência Artificial, destaca que o avanço tecnológico, sem um arcabouço legal apropriado, pode gerar desigualdades sociais e riscos éticos. A organização, que assessora o desenvolvimento legislativo, trabalha para promover uma legislação que equilibre inovação e proteção dos direitos dos cidadãos.

A pesquisa da Ipsos também revelou que 64% dos brasileiros acreditam que os benefícios da IA superam seus riscos. Contudo, o Observatório alerta que essa visão não deve justificar a ausência de um marco regulatório, especialmente diante de desafios como segurança cibernética, privacidade de dados e discriminação algorítmica.

O uso diário da IA no Brasil é amplamente reconhecido como uma ferramenta essencial para o cotidiano. Assistentes de escrita e tradutores são valorizados por 85% e 89% dos brasileiros, respectivamente. Esses números reforçam o papel transformador da IA, mas também evidenciam sua influência crescente em aspectos sensíveis da sociedade, como educação e trabalho.

Enquanto países desenvolvidos avançam em regulações específicas, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como líder no desenvolvimento ético da Inteligência Artificial
Fotos: Freepik

Inteligência Artificial e o desenvolvimento ético

O Observatório Legal da Inteligência Artificial destaca que a regulação não deve ser vista como um obstáculo ao desenvolvimento, mas como um mecanismo que garante a sustentabilidade e a equidade tecnológica. Em sua Carta Aberta à sociedade brasileira, a organização apela para ação imediata dos legisladores, enfatizando que a ausência de diretrizes pode comprometer os avanços conquistados.

Enquanto países desenvolvidos avançam em regulações específicas, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como líder no desenvolvimento ético da IA. Isso requer a colaboração entre governo, academia e setor privado, promovendo investimentos em infraestrutura e educação digital para capacitar cidadãos em um cenário tecnológico em constante evolução.

Além da regulamentação, o Observatório enfatiza a importância de um diálogo constante entre a sociedade civil e os formuladores de políticas públicas. A conscientização sobre os riscos e oportunidades da IA é essencial para construir um futuro onde a tecnologia seja acessível e segura para todos.

Como conclui o Observatório, o Brasil possui potencial para liderar globalmente o desenvolvimento ético da IA, mas isso dependerá da capacidade de equilibrar inovação com responsabilidade. O futuro tecnológico do país exige decisões legislativas ágeis, que protejam os cidadãos e fomentem um ambiente de crescimento sustentável.

Foto principal: Imagem de IA/Freepik

Fernando Peres

 Advogado especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos e coordenador do Observatório Legal da Inteligência Artificial. Site Fernando Peres, Instagram @fernando.peres.adv

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