A terceira temporada da série Sex Education estreou nesta semana no streaming Netflix, aprofundando as discussões sobre a importância de se falar sobre sexo com naturalidade, levantando questionamentos sobre as relações amorosas, tanto dos adolescentes quanto dos maduros e demostrando por A mais B o quanto a desinformação pode ser destruidora, tudo isso com muito humor e excelentes interpretações.
Após os eventos da temporada anterior, o colégio de Moordale ganha notoriedade na mídia como escola do sexo. A nova diretora, interpretada por Jemima Kirke (Untogether – 2018), chega para colocar ordem no local. Por ordem entenda-se rigidez, disciplina, abstinência sexual, uniformes, anulação das individualidades e por aí vai.
A roteirista Laurie Nunn (Pregnant Pause – 2016), desde a primeira temporada da série, vem batendo incessantemente na tecla da importância da informação, da transparência, do diálogo e do conhecimento e do cuidado com o próprio corpo como questões de civilidade. Aos poucos os personagens são aprofundados num continuum de descobertas, traumas, perdas e ganhos e, apesar de serem personagens ficcionais, mostram com realismo o quanto são difíceis as relações sociais e a relação que temos com nosso próprio corpo e com o corpo do próximo.
Sex Education não tem mocinhos e nem bandidos, tem pessoas assim como nós. Assistimos os personagens crescerem, tanto no sentido figurado quanto no real, confrontando o mundo e se descobrindo, tendo que lidar com situações cotidianas cada vez mais complexas. Embora a sexualidade e individualidade continuem como centro da discussão, os personagens são obrigados a encarar o lado emocional, afetivo, o peso das relações, das diferenças.
Além de aprofundar os questionamentos com muito humor, a série amplia também seu leque de discussões com a inserção de uma nova personagem não-binária, mostrando sua relação com outras pessoas de maneira explicita, quase didática, familiarizando pessoas cis com a situação.
Sex Education questiona o moralismo e faz rir. Em época de retorno ao medievo, diria que é uma série essencial. Uma delícia para maratonar.
Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
Foto: Divulgação