Por Marcelo Minka
Nos cinemas, a maioria das salas ocupadas por Adão Negro (leia aqui) e alguns “filmelecos” de terror sem relevância que tentam aproveitar o Halloween, comemorado dia 31 nos Estados Unidos, para faturar uns trocos.
Então, já que estamos no Halloween, nada melhor do que escrever sobre um filme de terror, mas um filmaço. Para isso precisamos recorrer ao streaming Star+, onde encontraremos o ótimo Noites Brutais.
Originalmente o filme se chama Barbarian, o que define bem toda a película, bárbaro no sentido de excelente e também no sentido etimológico, para os gregos e romanos a palavra significava o que vinha do estrangeiro, o que era estranho. E estranheza é o que não falta em Barbarian.
Zach Cregger (Wrecked – 2016 a 2018) roteiriza e dirige o filme com competência, apoiado por um ótimo elenco onde se destacam Bill Skarsgard (It – 2017 e 2019) e Georgina Campbell (Wildcat – 2021). Cregger esbanja suspense e terror utilizando ambientes claustrofóbicos e posições de câmera esquisitas, além de situações absurdas. Na trama ‘gore’ (subgênero de terror com violência extrema), o sangue corre solto, pra todo lado.
Stephen King, em seu livro de não ficção Sobre a Escrita (2000), descreve seu processo criativo e como faz uso do ‘e se?’ Coloque-se na pele da personagem Tess (Georgina), que precisa fazer uma entrevista de emprego e aluga uma casa por aplicativo em um bairro pra lá de duvidoso, chega na casa à noite embaixo de chuva e descobre que ela também foi alugada por um homem meio estranho, tudo por causa de um erro no aplicativo. E se você ficasse só aquela noite? E se você começasse a se interessar por aquele desconhecido? E se?…
Por aí segue o barco do roteiro, nos deixando com a pulga atrás da orelha minuto a minuto. Difícil escrever sobre o filme e evitar spoilers, as reviravoltas são constantes à medida que novos personagens são introduzidos na narrativa. Mas não conseguimos evitar não se identificar com Tess em suas decisões, quer seja por medo, por força de caráter ou por curiosidade mesmo.
Barbarian também tem humor, alguns segundos onde podemos relaxar entre um suspense e outro, um humor ácido e absurdo. E essa mistura estranha de terror e humor deixa a salada toda ainda mais temperada. Imperdível para quem gosta do subgênero gore.
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
Foto: Divulgação