Quando eu era menina, tinha pavor de galinhas. E por tabela, de todo animal com penas. Herança da minha irmã, que teve um machucado picado pela galinha da vizinha. E depois disso, nunca mais se relacionou bem com elas. Até hoje não pode ver uma, que foge.
Mas vi dia desses um post no Facebook, que me fez repensar meu interesse por esses animais, que até então considerava mais burro do que os burros.
A história era mais ou menos assim: ali pelo mês de outubro, a avó, que morava próximo da filha, comprou um frango para “engordar” para a ceia de Natal. Como ela não estaria em casa, pediu para entregar na casa da filha. Acontece que os meninos, ao chegarem da escola, descobriram que dentro daquela caixa com furos deixada no porta, tinha um serzinho condenado a morte. E dele se compadeceram. E o salvaram de ir pra panela.
Acontece que os netos ficaram traumatizados com a avó. E cada vez que ela ia visitá-los, o frango era escondido. No post, a foto era os meninos assistindo televisão, e o frango vendo junto. De barriga para cima, como bom espectador.
Acontece que agora invoquei que quero criar umas penosas. Seu José, nosso vizinho aqui na chácara, cria. De varias raças. Pego ovos fresquinhos e de gema bem amarelinha com ele.
Até me interessar pelo assunto, desculpem a ignorância, nem sabia que havia tanta variedade. Tem as de corte e as poedeiras. Entre as últimas, as que botam ovos brancos, azuis, vermelhos ou rajados, dependendo da raça. Os ovos podem ser pequenos, como os das galinhas de Angola, ou grandes como os da Brahama.
As raças de galinha são definidas por características como tamanho, cor da plumagem, tipo de crista, cor da pele, número de dedos, quantidade de franjas, cores dos ovos, e lugar de origem. Elas também são divididas por uso primário, seja para ovos, carne, ou fins ornamentais. Algumas são consideradas para os dois fins.
Mas como elas chegaram ao Brasil? As galinhas domésticas criadas aqui têm origem no sudeste da Ásia e vieram pelas mãos dos primeiros navegadores europeus, ainda em 1500. As aves foram deixadas soltas em fazendas, sítios e nos quintais das casas. Com os cruzamentos aleatórios e a miscigenação das raças, surgiu a galinha caipira do Brasil. Conhecidas também como naturalizadas, crioulas, de terreiro e capoeiras, a “galinha brasileira” pode ser de diferentes raças.
Por ciscarem muito, na linguagem popular acabaram como sinônimo de “pessoa fácil “, ou seja, galinha. Duvido que você já não tenha chamado alguém assim. Ou que não tenha sido comparado ou comparada à uma. Eu já fui. Agora, depois de velha e que faço comida boa, cisco só em um terreiro.
Raquel Tannuri Santana
É jornalista, fotógrafa e cronista. Escreve esta coluna de segunda, com assuntos de primeira.
Fotos: Acervo pessoal