“Adoro ver as pessoas fazendo sexo. Tenho prazer em só observar. Se não sabem que estou olhando, gosto ainda mais. Mas também gosto de fazer sexo ‘normal’. No entanto, fiquei preocupado porque me disseram que o voyeurismo é um transtorno de comportamento. É verdade?”
A maioria das pessoas é um pouco voyeur, aquela pessoa que sente prazer sexual observando outras fazendo sexo. A grande quantidade de filmes pornôs está aí, para não me deixar mentir. O que é um filme pornô se não um prato cheio para o voyeur?
O voyeur pode ser homens ou mulheres, independe de gênero. A tendência, no entanto, é que haja mais homens que mulheres voyeur por uma questão cultural: as mulheres estão descobrindo só agora que podem reivindicar prazeres solitários. Mas quem nunca observou, casual ou intencionalmente, o sexo alheio que atire a primeira camisinha.
Vai dizer que você, morando ou visitando um amigo num apartamento, nunca flagrou um casal vizinho transando de janela aberta? E o que você fez? Duvido que tenha fechado a janela e ido embora. No mínimo ficou ali alguns minutos, observando tudo. Talvez tenha sentido tesão pela situação. Normal. Há uma coisa muito erótica em ver duas pessoas procurando seu prazer.
Mas uma coisa é gostar de ver de vez em quando, ir a casas de swing para satisfazer seu desejo ou, até mesmo, convidar outros para transarem com seus parceiros só pelo prazer de observar. Neste último, temos a figura do cuckold (ou corno), mas esse é assunto para outra coluna. Embora o voyeur prefira que a pessoa ou casal observado não saiba.
Agora, quando a prática de observar se torna uma fixação e você só tem prazer assim, algo está errado e precisa buscar ajuda especializada. Principalmente se toda sua vida passa a girar em torno de uma busca pelo seu prazer de observar os outros. Porque, nesse caso, pode ser o que os médicos chamam de transtorno de voyeurismo.
O transtorno de voyeurismo é uma das parafilias, um padrão de comportamento no qual a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. Segundo o site https://www.doctoralia.com.br/, “são considerados parafilia também padrões de comportamento em que o desvio se dá não no ato, mas no objeto do seu desejo sexual, ou seja, no tipo de parceiro. Quando a pessoa tem conhecimento ou consciência da situação, isso pode lhe causar muita angústia e sofrimento por não conseguir controlar esse desejo”.
O diagnóstico desse transtorno é feito quando a pessoa se sente extremamente angustiada ou há prejuízo da sua capacidade de levar uma vida normal, ou, ainda e pior, quando ela põe em prática seus desejos com uma pessoa que não consentiu. Como, por exemplo, ficar stalkeando a vizinha tomar banho, dormir, manter relações e etc. Nesse caso, há uma grande probabilidade de ser preso e ter que fazer tratamento psicológico obrigatório.
Se o caso não é esse, mas só uma observaçãozinha de leve, relaxa. Nem todos voyeurs têm transtorno de voyeurismo. Se mantém uma vida sexual normal e usa o voyeurismo para apimentar a relação de vez em quando, beleza. Sugiro até que, nas próximas férias, vá conhecer uma cidadezinha na Inglaterra, chamada Puttenham, a cerca de uma hora de Londres. Ali, o sexo em público para que outros possam ver é liberado no bosque local. A polícia cansou de combater a prática e agora designou o local “ambiente de sexo público”. Ou seja exibicionismo. Que logo será tema de uma outra coluna.
Foto: Visual Hunt
Telma Elorza

Jornalista profissional, palpiteira e galhofeira. Adora dar pitaco na vida dos outros enquanto vai levando a sua na flauta.