Por Telma Elorza
“Olá, tenho 42 anos e sou leitor assíduo da coluna e gosto muito de acompanhar os assuntos abordados aqui. Porém, a coluna me deixa inseguro. Gosto muito de sexo e sempre descubro coisas novas. No entanto, percebi que sou “normal” demais. Não tenho fantasias ou fetiches diferentes. Agora me acho sem imaginação na cama. Faço todos os tipos de posições com minha companheira, inclusive sexo oral, anal e masturbação e sempre nos satisfazemos. Mas não consigo me imaginar em situações como as narradas aqui. Será que estou perdendo algo? Será que isso pode ser um problema na minha vida sexual?”
Eu recebo muitas mensagens no meu email, com as mais variadas dúvidas, algumas até bem básicas em quesito sexo. Mas essa é a primeira vez que um cara com uma boa vida sexual, pelo que disse, se questiona pela falta de fetiches. Gente, parem de se tentar enquadrar em padrõezinhos. Mesmo que esses padrões sejam “fora dos padrões”. Quem disse que é obrigatório ter fantasias, fetiches e parafilias para ser “normal” no sexo?
É preciso entender que a sexualidade não tem “normalidade”, ela é tão variada como as pessoas. Tirando gêmeos idênticos – e mesmo assim, as personalidades e gostos podem variar – cada pessoa é única. Tem seus anseios, seus desejos, suas fantasias (ou não). E tá tudo bem! Ninguém é obrigado a gostar de sadomasoquismo, querer transar com duas pessoas ou trepar alucinadamente de ponta cabeça no edifício mais alto da cidade.
O importante é que, se você está feliz com sua vida sexual, continue a fazer o que está fazendo. Ter fantasias não significa que o sexo será melhor ou pior. Alguns fetiches, inclusive, trazem uma insatisfação sexual porque são difíceis de realizar se não encontra um parceiro que também tem o mesmo desejo. Quanto homens/mulheres vivem sonhando com um ménage, mas não conseguem realizar porque a(o) parceira(o) não topa? Quantos homens usam escondidos a lingerie da esposa porque não tem coragem de fazê-lo com ela? Quantas pessoas têm que buscar, fora do casamento, a satisfação sexual negada em casa? Na minha opinião, isso traz mais infelicidade que prazer porque põe em risco uma possível relação sólida.
Se o leitor foge da rotina e experimenta outras posições, além do famigerado “papai e mamãe”, se sabe dar prazer à esposa com um bom oral (daqueles de deixar as pernas bambas) e ter também seu próprio prazer com isso, para mim está no caminho certo.
Porém, se o leitor está mesmo se sentindo insatisfeito por ter um sexo “normalzinho”, aconselho a treinar sua imaginação. E não precisa forçar nada. Eu sempre digo que nosso maior órgão sexual é o cérebro. Pensar em sexo, durante o dia, estimula a libido para ter mais prazer na relação à noite, por exemplo. E não precisa inventar muito, não. Apenas imaginar seduzindo e transando com o(a) parceiro(a), já tá de bom tamanho para estimular o tesão. Adotar uma rotina de “pensamentos sexuais” frequentes, pode fazer abrir a imaginação. Que tal pensar em lambuzar a(o) parceira(o) de calda de chocolate (ou doce de leite ou chantilly, que seja) para começar? Aposto que, com o tempo e treinamento, vai começar a ter novas e deliciosas ideias para experimentar.
Tem dúvida sobre sexo? Mande sua pergunta para o email telma@olondrinense.com.br
Quem é Telma Elorza, a Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
