Por Telma Elorza
“Eu e meu marido estamos casados há 23 anos, sempre nos demos bem na cama, tínhamos uma vida sexual ativa, frequente e bem variada. Mas nos últimos três anos, parece que ele está perdendo o tesão, não só por mim como pela vida. Me disseram que pode ser andropausa, a menopausa masculina. Mas isso existe mesmo? É melhor levar ele ao médico? Ele resiste em ir”
Sim, amiga, andropausa existe mesmo, não é nada de mito, embora a maioria das pessoas acreditem que sim. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia, 57% da população masculina desconhecem a existência da andropausa ou acham que é “frescura”. Mas ela afeta – de forma moderada a grave – uns 30% dos homens.
Similar a menopausa
Na verdade, a andropausa é similar a menopausa das mulheres. Mas, enquanto as mulheres têm uma prova cabal que a produção de seus hormônios estão diminuindo com a interrupção definitiva da menstrução e perda da fertilidade, os homens não veem nada tão drástico acontecendo no corpo deles, já que continuam produzindo sêmen e espermatozoides, tão fértis como antes. Portanto, eles deixam de procurar ajuda médica quando o nível de testosterona cai com a idade. Muitos acabam apelando para o Viagra ou tadalafila para manter a atividade sexual em dia, ignorando que a andropausa afeta também outras áreas da vida dele.
Na andropausa, marcada pela diminuição significativa nos níveis de testoterona, os homens podem sentir mudanças de humor e perda da energia, da libido e da agilidade física, além de mudanças físicas como diminuição dos testículos, aumento de gordura corporal, diminuição da densidade óssea, inchaço na região dos mamilos e perda de pelos do corpo. Além disso, há redução na produção de células sanguíneas e a função hepática. As mudanças emocionais incluem diminuição da motivação ou a autoconfiança e, com isso, passam por períodos de tristeza e problemas de concentração e de memória, além de alteração no padrão do sono.
O ideal é sim, que você o faça procurar ajuda médica. Porque, além da questão sexual, há todos esses complicadores envolvidos. Talvez ele tenha um dos casos graves e isso só vai saber se passar por avaliação médica. E precisa ser urgente, se os sintomas começaram há três anos. Quanto mais tempo passar, pior. Ele deve passar por exames e aí o médico poderá recomendar tratamento.
Mas, cá entre nós, sinceramente eu não entendo essa postura dos homens. Eles preferem ignorar problemas de saúde até que, às vezes, se torne tarde demais. A única coisa que faz eles procurarem ajuda – e isso depois de vários episódios – é pau mole. Não conseguir ter ou manter uma ereção assusta mais os homens que sintomas de infarto.
Uma pesquisa, divulgada em 2021, realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida com 1.800 homens do Brasil, México, Colômbia e Argentina, apontou que seis em cada 10 homens no Brasil só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis, não importando que seja câncer de próstata, doenças cardiovasculares ou até o câncer de pênis. Há autores que associam esse fato à própria socialização dos homens, em que o autocuidado não é visto como uma prática masculina. Ou seja, por mais inteligente e instruido que o homem seja, principalmente os acima dos 40 anos de idade, ele vai se negligenciar.
Claro que a andropausa não é tão perigosa quanto um câncer de próstata, mas afeta e muito a qualidade de vida do homem e, por tabela, do casal e da família. Se os sintomas da menopausa têm tratamento, como reposições hormonais, o mesmo deve acontecer com o homem, não é mesmo? Mas é preciso buscar ajuda.
Espero ter ajudado.
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Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
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