Por Telma Elorza
“Sua coluna sobre crossdressing me ajudou muito. Adoro usar roupas femininas, mas continuo sentindo atração por mulheres….”
…”gosto de usar as lingeries da minha esposa…”
“Uso lingeries escondido desde adolescente…”
“Desde muito novo tenho atração por roupas femininas, principalmente sutiãs e calcinhas.”
“…sonho todo dia eu namorando com uma mulher e falando (sobre usar roupas femininas) e ela aceitando de boa e a gente usando as roupas juntos…”
“Um homem que quer usar rabo de cavalo, cílios, maquiagem, brincos, saia, sapato scarpin tem algum problema?”
“…Muita vontade de usar lingerie com uma mulher que me aceite e queira assim…”
“Fiquei muito feliz no dia que assumi para minha namorada que gosto de usar lingerie. Ela me entendeu e agora compramos calcinhas e sutiãs juntos. Nossa vida sexual melhorou e estamos pensando em nos casar”.
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Bom, como vocês perceberam, essa coluna vai ser um pouco diferente das demais. Em vez de responder a uma única dúvida, escolhi publicar vários comentários que chegaram a mim seja pelo jornal, no e-mail ou até nas minhas redes sociais. Sim, as pessoas me acham nas redes sociais embora eu não as divulgue aqui. Não coloquei todos os comentários, são inúmeros (sério, vocês não tem noção de quantos recebi), mas fiz um pequeno compilado de alguns.
A ideia de escrever essa coluna com trechos de comentários surgiu depois de um cara me procurar numa rede social e dizer que meu texto trouxe um certo alívio para ele, embora continue temeroso de expor seus desejos a uma mulher. Ele me disse que tem medo de ser rejeitado e que isso causa pânico. E o pânico está se instalando também nas horas que está sozinho, acaba tendo medo de vestir uma lingerie. Ou seja, está sofrendo muito com a situação
Quis mostrar a ele que não está sozinho. Que a maioria das pessoas não entende seus próprios desejos e sente muito medo e vergonha também. Principalmente de ser considerado homossexuais por seus parceiros, o que acho uma bobagem. Por dois motivos: primeiro não há vergonha nenhuma de ser homossexual, embora nossa sociedade machista teime em dizer que é errado (não é, nunca foi e nunca será); segundo, e não menos importante, porque um homossexual do gênero masculino não sentiria desejo sexual por mulheres.
Crossdressing: estimativa
Existem pouquíssimas pesquisas sobre o assunto porque a maioria não assume o fetiche, mas há uma estimativa de que, pelo menos, 4% da população masculina é crossdressing. E isso nunca deve ser confundido com travestilidade ou transsexualidade, que são coisas completamente diferentes. O crossdresser não é travesti nem transgênero.
Eles são basicamente heterosexuais, embora existam muitas pessoas não binárias que também praticam o crossdressing. Para quem não sabe, pessoas não binárias são aquelas que não se identificam com um único gênero, exclusivamente, como a maioria. Assim, sua identidade de gênero e sua forma de expressar essa identidade não se limitam ao masculino ou feminino. Podem ser também o que se chama de fluído: uma hora se identificar como homem, outra como mulher. Sim, é complicado. Mas, como tudo sobre a sexualidade humana (embora muitos queiram colocá-las em formas predefinidas, a sexualidade é um universo cheio de possibilidades). O que a gente precisa fazer é respeitar, apenas.
E é importante lembrar ainda que a identidade de gênero é diferente de orientação sexual. Enquanto a identidade de gênero trata do autorreconhecimento com o próprio sexo, a orientação sexual está relacionada ao desejo sexual de uma pessoa.
Para esse moço que está sofrendo, tenho uma recomendação: procure um psicólogo ou um psicanalista para ajudar a se entender e superar seu medo. O especialista não vai “curá-lo”, porque não existe coisa alguma para ser curada. Mas vai ajudá-lo a lidar com esse medo e a ser feliz, vestindo suas lingeries na paz.
E para lidar com quem não quer entender nada disso e continua julgando os outros, recomendo apenas uma única palavra: foda-se.
Tem dúvidas? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
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Respostas de 2
Tia Selma, se são 4%, tô nesse percentual. Não tenho qualquer problema em me vestir com roupa feminina. Em casa, uso diariamente sem problemas. Ganho até algumas pecinhas da esposa. Hoje, meu guarda roupas de peças íntimas, 90 % são femininas.
Tenho esse fetiche de ser crossdtesser e gostar de usar calcinha