Por professor Renato Munhoz
O ODS 13 (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável) começa com um direcionamento que vai nos levar até o último objetivo (17), apontando para desafios que estão relacionados a macro ações. Sem abrir mão, é claro, de demonstrar que só é possível pensar no globo se pensarmos em cada parte que o compõe. E que nossas ações locais refletem ou podem refletir em um contexto mais amplo.
Sendo mais objetivo, dizer que as Mudanças Climáticas estão longe do nosso cotidiano é um ledo engano. As consequências são sentidas todos os dias. Como canta o cancioneiro: “Onde a chuva caía quase todo dia já não chove nada. O sol abrasador rachando o leito dos rios secos sem um pingo d’água”. Esta canção escrita em 1991, já nos apontava as consequências severas da nossa forma de vida e do modelo de desenvolvimento no planeta.
Você já parou para pensar porque chamamos de Mudança Climática? O clima do planeta mudou. Além do aquecimento da camada de ozônio, percebemos a cada ano as estações do ano desorientadas. Calor no frio. Chuvas torrenciais fora de época. Seca avassaladora. São apenas alguns sinais de que todos os dias estamos vivendo os fenômenos destas mudanças, afetando em cheio nossa saúde e nosso modo de vida. Gostaria de provocar para um caminho com duas possibilidades:
Um processo educativo voltado para o enfrentamento das Mudanças Climáticas:
A Educação Ambiental, com foco na ampliação dos horizontes da reflexão em torno das Mudanças Climáticas, pode nos elucidar o que são e o que fazer para que possamos enfrenta-la. Não é como encarar um monstro de frente. Mas, com toda certeza, a compreensão da realidade pode lançar luzes efetivas em um caminho de transformação. Ao que gosto de chamar de co-responsabilidade climática, ou seja, todos podemos fazer algo que esteja ao nosso alcance.
Com a consciência de que o impacto a nível global possa parecer ilusório, mas que, ao mesmo tempo, é a ação que promove a ação, que causa alguma transformação. Quando deixamos de fazer porque supostamente ninguém o faz, fortalecemos a inércia global que tem nos conduzido ao caminho do caos. Educar para uma consciência global e não meramente local. Somos parte desta “casa comum” (Papa Francisco). Outra ação educativa importante é que Mudanças Climáticas sejam incorporadas como conteúdo da grade curricular de escolas e universidades, instigando a mitigação dos impactos com projetos educativos, fortalecendo a pesquisa e ações em rede.
Pensar projetos de micro impactos com reflexos amplificados:
Por fim, aponto um direcionamento que os cidadãos ambientais conscientes não podem e nem devem carregar sozinhos o peso do enfrentamento às Mudanças Climáticas. É preciso de ações governamentais, políticas públicas e de projetos ambientais que, no resultado final, apontem de alguma forma para a minimização dos impactos climáticos.
- Energia solar universal ou acessível;
- Saneamento básico efetivo e ecológico;
- Recuperação da fauna original dos biomas;
- Proteção de nascentes;
- Recomposição de matas ciliares;
- Fortalecimento da agroecologia;
- Criação de redes de consumo consciente;
- Combate ao desmatamento;
- Combate a incêndios florestais;
- Diversificação da matriz de combustíveis;
São apenas algumas ideias que estão dentro de diversas cartas de compromisso assumidas por diversas nações do mundo em torno do enfrentamento e da mitigação das mudanças climáticas. É preciso que tenhamos, nesta mesma direção, a ampliação do controle social sobre todas as ações que estão sendo desenvolvidas, trazendo para dentro desta rede cada ação realizada em algum lugar, por pessoas, instituições e ou entes públicos. Ampliando o foco das possibilidades e, é claro, investindo recursos e mecanismos para que os objetivos sejam alcançados coletivamente, mesmo que não conectados entre si e, por vezes, em tempos diferentes. O que vale é o objetivo em comum.
Definitivamente não dá pra pensar em Mudanças Climáticas sem mudanças de paradigmas humanos e governamentais. A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, de 19 anos de idade, que tem circulado nestes espaços de debate no mundo todo, disse em Davos: “Os adultos ficam dizendo: ‘devemos dar esperança aos jovens’. Mas eu não quero a sua esperança. Eu não quero que vocês estejam esperançosos. Eu quero que vocês estejam em pânico. Quero que vocês sintam o medo que eu sinto todos os dias. E eu quero que vocês ajam. Quero que ajam como agiriam em uma crise. Quero que vocês ajam como se a casa estivesse pegando fogo, porque está” (Fonte: g1.com/globonatureza).
Professor Renato Munhoz
Teólogo e Historiador. Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade.
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