Por professor Renato Munhoz
“A chuva caía quase todo dia, já não chove mais”. Esse verso, tão simples e melódico, ressoa como um eco distante de um tempo que parece estar se perdendo. Antigamente, a chuva era uma companhia constante, uma presença que acalmava, regava, trazia vida. Agora, ela se ausenta, como se o céu estivesse em silêncio, observando a confusão que se instalou aqui embaixo.
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As mudanças climáticas, antes percebidas como uma ameaça distante, agora batem à nossa porta. Os sinais estão por toda parte, mas nem sempre os notamos. Frio e calor se misturam em uma dança descompassada. Pela manhã, nos vestimos com casacos, que ao meio-dia já parecem insuportáveis. À noite, um vento gélido nos lembra que a natureza, apesar de seus avisos, é imprevisível.
Uma chuva que já não vem
A seca, que antes era um problema de regiões distantes, agora se apresenta em nosso quintal. Rios outrora caudalosos se transformam em filetes tímidos de água, enquanto a terra, ressecada, clama por uma chuva que já não vem. E quando ela finalmente chega, vem com tanta intensidade que as enchentes nos tomam de surpresa, transformando ruas em rios e lares em ilhas.
Estamos confusos. Aprendemos que chuva era sinônimo de vida, mas agora ela se tornou imprevisível, quase cruel. A cada dia, a certeza que tínhamos sobre as estações do ano vai se desvanecendo. Outonos quentes, invernos secos, verões chuvosos. A natureza nos dá sinais claros de que algo está errado, mas ainda lutamos para entender a gravidade da situação.
O que era cotidiano se transformou em excepcional. As mudanças climáticas não são mais um problema do futuro, mas do presente. E no meio dessa confusão, nos resta observar, tentar nos adaptar e, quem sabe, encontrar maneiras de conviver com uma natureza que está em constante mudança. O que antes era previsível, agora nos desafia a cada dia.
Enquanto o céu se mantém silencioso, nós, aqui embaixo, tentamos decifrar os novos códigos que ele nos envia. Se a chuva não cai como antes, é porque algo precisa mudar, e talvez, a primeira mudança precise acontecer dentro de nós mesmos.
Foto principal: Pexels
Professor Renato Munhoz
Educador, historiador, teólogo. Pós graduado em juventude gestão de programas e projetos sociais e educação ambiental. Me siga no Instagram: @profrenatomunhoz
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