Por professor Renato Munhoz
Em comemoração aos 10 anos da encíclica Laudato Si do Papa Franscisco, vamos fazer uma série comemorativa destacando os temas e abordagens deste importante documento ambiental.
Há uma década, em 2015, o Papa Francisco lançava a encíclica Laudato Si, um documento histórico que redefiniu o diálogo entre fé, ecologia e justiça social. Inspirado no cântico de São Francisco de Assis, o texto propõe uma visão integral da crise ambiental, vinculando degradação ecológica à injustiça social e à lógica do consumismo descontrolado. Agora, às vésperas da COP 30, a primeira conferência do clima realizada na Amazônia, o legado da encíclica se mostra mais atual e necessário do que nunca.
Um impacto para além da Igreja

Desde sua publicação, Laudato Si ultrapassou os limites da Igreja Católica e encontrou eco em universidades, organizações ambientais e fóruns políticos ao redor do mundo. Acadêmicos e ambientalistas destacam que o documento não se restringe à doutrina cristã, mas oferece uma análise profunda da crise socioambiental global, incentivando ações concretas em prol da ‘ecologia integral’.
A encíclica tem sido estudada em cursos de sustentabilidade, sociologia e teologia em diversas universidades, sendo tema de congressos internacionais e debates sobre a intersecção entre ética, economia e meio ambiente. Movimentos ambientalistas adotaram suas diretrizes, ampliando o alcance de sua mensagem e reforçando a necessidade de uma transição ecológica justa.
Pensadores e estudiosos sobre Laudato Si
O impacto da encíclica é amplamente reconhecido por especialistas de diferentes áreas. O sociólogo e economista Jeffrey Sachs, por exemplo, aponta que Laudato Si é um dos textos mais importantes do século XXI sobre desenvolvimento sustentável. Já o teólogo Leonardo Boff, um dos principais expoentes da teologia da libertação, vê no documento um chamado à ‘conversão ecológica’, que exige uma mudança radical na relação da humanidade com a natureza.
O filósofo e sociólogo francês Bruno Latour também destaca o valor da encíclica ao propor um novo olhar sobre a modernidade e a interdependência dos seres vivos. Para Latour, a abordagem do Papa Francisco reforça a necessidade de romper com a dicotomia entre ser humano e meio ambiente, reconhecendo que a crise ecológica é também uma crise civilizatória.
Construindo um novo paradigma ambiental
Além de oferecer uma crítica contundente ao modelo econômico vigente, Laudato Si se consolidou como um pilar para a construção de um novo paradigma ambiental. O conceito de ‘ecologia integral’ apresentado no documento tem sido adotado em políticas públicas e projetos de desenvolvimento sustentável, promovendo ações que aliam justiça social e preservação ambiental.
Às portas da COP 30, a encíclica segue como um farol para a construção de políticas mais humanizadas e eficazes no combate às mudanças climáticas. Seu impacto se reflete na ampliação do diálogo entre ciência e espiritualidade, incentivando soluções coletivas e sustentáveis para um planeta em crise.
Nos próximos artigos desta série, abordaremos como diferentes setores da sociedade vêm implementando os princípios de Laudato Si e qual sua relevância diante dos desafios climáticos da atualidade.
Professor Renato Munhoz

Educador, historiador, teólogo. Pós graduado em juventude gestão de programas e projetos sociais e educação ambiental.
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