Por professor Renato Munhoz
O ano de 2024 marcou um período de contrastes nas questões ambientais. Em um contexto de emergência climática, observamos tanto avanços significativos quanto retrocessos preocupantes que definiram a agenda ambiental global e nacional. Londrina, como diversas cidades ao redor do mundo, enfrentou reflexos dessas mudanças, com desdobramentos locais das questões climáticas e de legislação ambiental.
Avanços no combate à mudança climática
Entre os destaques positivos, está a conclusão da COP29, realizada em Nairóbi, no Quênia, que trouxe compromissos mais ambiciosos por parte de diversas nações. Países desenvolvidos prometeram aumentar em 40% os investimentos em energia renovável, enquanto economias emergentes, como o Brasil, comprometeram-se a reduzir em 35% suas emissões de gases de efeito estufa até 2030. Na prática, o avanço tecnológico em energia solar e eólica permitiu que a matriz energética global se tornasse 20% mais limpa neste ano.
No Brasil, um dos maiores avanços foi a criação do programa “Carbono Cidadão”, que incentiva pequenas propriedades rurais a adotarem práticas de agricultura regenerativa, promovendo a captura de carbono no solo. O projeto piloto já demonstrou que é possível aliar produtividade à conservação ambiental.
O alerta vermelho do desmatamento
Por outro lado, o desmatamento segue sendo um desafio crítico. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontaram um aumento de 22% no desmatamento na Amazônia entre 2023 e 2024. Isso representa a perda de 10.000 km² de floresta, área equivalente a sete vezes o tamanho do município de Londrina. Além das consequências climáticas, como o agravamento do efeito estufa, o desmatamento impacta diretamente comunidades indígenas e a biodiversidade.
O Cerrado também foi alvo de preocupações, com um aumento de 15% nos índices de queimadas em relação ao ano anterior. As taxas de desmatamento neste bioma crescem mais rapidamente do que as da Amazônia, colocando espécies únicas e importantes mananciais em risco.
Novas leis em debate
Em 2024, algumas leis aprovaram medidas que colocam em risco a proteção ambiental. No cenário nacional, a flexibilização do licenciamento ambiental foi duramente criticada por especialistas e entidades do setor. A medida facilita a aprovação de empreendimentos em áreas sensíveis, como zonas de preservação permanente (APPs). Londrina, por exemplo, está monitorando de perto como essas mudanças podem impactar o Ribeirão Cambé e outras áreas de proteção local.
Por outro lado, algumas iniciativas estaduais trouxeram esperança. No Paraná, a nova legislação de corredores ecológicos foi aprovada, promovendo a integração de áreas fragmentadas para preservar a biodiversidade e garantir a sobrevivência de espécies ameaçadas.
Os números que traduzem o cenário
- Temperatura global: 2024 foi registrado como o ano mais quente desde o início das medições modernas, com um aumento médio de 1,3ºC em relação à era pré-industrial.
- Emissões de CO₂: Apesar dos compromissos, as emissões globais cresceram 1,8% em relação a 2023.
- Espécies em extinção: O número de espécies ameaçadas aumentou em 15% globalmente.
Desafios para 2025

Olhando para 2025, os desafios ambientais são claros. A adoção de uma economia de baixo carbono precisa acelerar, com foco em energia renovável, reflorestamento e transição para meios de transporte mais sustentáveis. No Brasil, o desmatamento deve ser combatido com rigor, exigindo maior fiscalização e apoio a comunidades que protegem a floresta.
Em Londrina, é fundamental reforçar a gestão de áreas verdes, ampliar a coleta seletiva e fomentar projetos como hortas urbanas e educação ambiental nas escolas. A atuação da sociedade civil também será essencial para garantir que a sustentabilidade não seja apenas um ideal, mas uma prática efetiva.
2024 nos mostrou que a luta ambiental é urgente e que avançar exige um esforço coletivo. Que 2025 seja um ano de realizações mais significativas e de esperança renovada para o futuro do planeta.
Professor Renato Munhoz

Educador, historiador, teólogo. Pós graduado em juventude gestão de programas e projetos sociais e educação ambiental.
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