Emuladores e consoles: Porque, no fim das contas, o importante é jogar e se divertir

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Quando criança, um dos meus sonhos era ter meu próprio arcade (leia ARQUÊIDE) em casa. Fliperama, para ser mais exato. Era como a gente chamava o tipo de estabelecimento em que os jovens iam gastar seu dinheiro em fichas. O sonho, lógico, não se realizou do jeito que eu imaginava. Mas, lá no final dos anos 1990, a ideia guardada numa caixa lá dentro da minha cabeça começava a ver a luz do dia. Fui apresentado ao MAME – Emulador Múltiplo de Máquinas Arcade, em tradução livre. E a partir desse dia, um dilema se apresentou para mim: jogar nos emuladores ou nos consoles originais?

Trocando em miúdos bem miúdos, os emuladores são programas bastante específicos que fazem o computador acreditar que é um arcade. Para quem nunca viu as entranhas de uma máquina dessas, não há nada, absolutamente nada de mágico ali.

Para o emulador funcionar, é preciso que o conteúdo de cada um desses chips de memória seja extraído em um arquivo. Quando esse arquivo é carregado pelo emulador, o computador funciona de forma bastante próxima à da placa original, e permite que o jogo, que antes só poderia ser jogado no hardware original, funcionar em outra plataforma. Resumindo: com os emuladores, você pode jogar aquele mesmo Pac-Man do fliperama em casa.

Qual o lado bom disso? O emulador reproduz todas – exatamente todas – as funções da máquina original. Inclusive o ficheiro/moedeiro. O que quer dizer que aqueles joguinhos que você nunca conseguiu zerar agora podem ser finalizados sem se gastar um único centavo.


 Nem vem que você nunca conseguiu zerar Daimakaimura com uma ficha só, duvido!

Para alguns, como a Nintendo, ter a posse de jogos em emuladores sem possuir o hardware original é ilegal. Eles inclusive andaram fechando uma série de sites onde era possível baixar jogos. Para outros tantos, emular é a única forma de manter viva a memória desses jogos – produzidos em boa parte por empresas que já não estão mais entre nós. Como a Project Support Engineering, fabricante da Bazooka, a primeira máquina arcade que eu joguei na minha vida!

Comecei minha coleção de consoles com aquele espírito do “videogame-arte”. Queria ter os melhores jogos de cada plataforma para poder experienciar novamente aquelas velhas tardes de sábado que não voltam mais. Do jeito que tem que ser: com o cartucho original no controle original no console original. Coisa de purista/xarope. Mas nós estamos no Brasil, e alguns desses consoles clássicos têm um preço um pouco salgado por aqui. Então decidi ir para o lado do “videogame-resultado”, em que o jogo bom é aquele que você joga, independentemente da plataforma. E daí acabei tombando pro lado de lá da força, o dos emuladores.

Existe um monte de cinza entre esse branco e preto, lógico. Tenho meus jogos originais, e estou fazendo com que o Arthur conheça um pouco mais desse universo. E quando quero jogar algum título que eu não tenho em mídia física, parto para o emulador. Existe um meio termo entre esses dois mundos, que são os flashcarts. Eles são cartuchos idênticos aos originais, para serem jogados nos consoles. Mas por dentro, no lugar de um único chip para um único jogo, eles contam com um sistema em que é possível carregar esses jogos para emuladores, as chamadas ROMS. Você tem toda uma biblioteca disponível para jogar no seu hardware original. O preço, porém, ainda é pouco convidativo, como o desse cartucho  que promete rodar os jogos do Sega CD sem a necessidade do adaptador de CD’s para o MegaDrive.

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Falando em hardware, um dos mais conhecidos para quem roda emuladores são os minicomputadores da Raspberry Pi, uma fundação de caridade inglesa  que cria computadores do tamanho de um cartão de crédito (ou até menores) para que todos tenham acesso à informática. Do tipo, ajudar crianças a criarem um robô. De verdade!  Nesta semana eles lançaram a versão 4 de seu computador. As tech specs são absurdas:processador com 1,5 GHz (velocidade de desktops), até 4GB de memória, saída para dois monitores 4K, portas USB 3.0. Shut up and take my money!

Praticamente tudo que tinha de estoque nas lojas acabou em dois dias. Vai vir mais? Sim. Já dá para instalar os emuladores e finalmente jogar Cruisin’ USA do Nintendo 64 sem travamentos? Ainda não, até porque com uma mudança brusca como a que houve de processador, os programas precisarão ser reescritos para aproveitarem o máximo desempenho dos novos computadores. Porque poder de processamento esse computadorzinho tem de sobra, basta saber usar. Assim como o hacker que literalmente invadiu o sistema da NASA e subtraiu dados sigilosíssimos e importantíssimos de lá usando um Raspberry Pi. Por seis meses. Sem ser descoberto .

Fotos: Divulgação

Fábio Calsavara

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É jornalista e gamer raiz. Do tempo em que criança jogava fliperama em boteco de rodoviária.

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Uma resposta

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