Secretário de Saúde Felippe Machado disse que seis casos ainda estão esperando resultados dos testes
Telma Elorza
O LONDRINENSE
Um jovem de 18 anos que participou de uma rave em Maringá é o primeiro caso de sarampo registrado em Londrina em 26 anos. O rapaz e mais três amigos – que também apresentaram os sintomas mas cujos exames não retornaram ainda o Laboratório Central do Estado (Lacen) – contraíram a doença em setembro.
O bloqueio realizado com vacinação dos familiares em até 72 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas garantiu que a doença não se espalhasse, por enquanto. “O problema é que Londrina atingiu apenas 60% da vacinação necessária. Se as mães e pais não levarem seus filhos para vacinar, podemos ter mais casos porque o vírus está circulando na cidade”, disse o secretario municipal de Saúde, Felippe Machado. Para ele, a situação é preocupante porque a doença é mais agressiva nas crianças e pode levar ao óbito. “Temos que vacinar pelo menos 95% das
Segundo Machado, a demora nos resultados – por acúmulo de serviço no Lacena – não impede que os protocolos de bloqueio sejam seguidos. “Nós capacitamos toda a rede pública, de forma anterior a circulação viral, para que os servidores reconheçam os sintomas e isso foi decisivo para que conseguíssemos identificar de forma precoce e efetuar o bloqueio”, afirmou.
No sábado (19), todos as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) urbanas vão estar abertas das 8 às 17 horas, para fazer vacinas nas crianças. As da zona rural estarão abertas das 8 às 14 horas. Devem ser vacinadas crianças entre seis meses e menos de cinco anos. Mas aquele pai ou mãe que tenha dúvidas se os filhos maiores de cinco anos tomaram ou não a vacina, podem levar seus filhos com a carteira de vacinação.
“Na década de 1980, o sarampo era a principal causa de óbito entre crianças”, segundo a diretora de Vigilância em Saúde, Sônia Fernandes. De acordo com ela, o último caso de sarampo registrado no município foi há 26 anos. “Uma geração inteira que não sabe o que é sarampo e os perigos da doença. Tanto os pais quanto os profissionais estão tendo um primeiro contato com a doença”, afirmou.
A vacina é a principal forma de proteção contra o sarampo e a tríplice viral está disponível em mais de 36 mil postos de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil. Sônia Fernandes criticou quem deixa de tomar ou dar vacinas a seus filhos porque dão mais importância ao que é falado na internet contra a vacinação.
“Se nós não tínhamos o sarampo e não temos a paralisia infantil só conseguimos isso em função da vacina. A história diz que a vacinação é efetiva, segura. Mas alguns pais – e até alguns profissionais de saúde, por nunca terem contato com as doenças – acabam desvalorizando esse trabalho. Isso é grave. Assim como o sarampo retornou, outro vírus estão retornando. A paralisia infantil, que só tinha circulação de vírus em dois países, hoje já está num terceiro”, alerta a diretora.
Situação no Paraná
O último Informe Epidemiológico semanal divulgado na quinta-feira (10) pela Secretaria de Estado da Saúde demonstrou que a doença vem tendo um crescimento exponencial com 103 casos no Paraná. Destes, 80 são de Curitiba e outros 18 na região metropolitana. As cinco confirmações restantes estão em Jacarezinho (1), Ponta Grossa (1), Maringá (2) e Rolândia (1).
“Os casos aumentam e demonstram a necessidade de vacinar a população preconizada contra a doença. Solicitamos que as mães, pais ou outro responsável, levem a criança até uma das salas de vacinação distribuídas em nosso Estado”, disse a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria, Acácia Nasr.
Conforme os registros, no Brasil há 17 estados na lista de transmissão ativa da doença. Tiveram casos confirmados os estados de São Paulo, Maranhão, Piauí, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Pará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Goiás, Bahia, Sergipe e Distrito Federal. A maioria dos casos (97,5%) foi registrada em 153 municípios localizados na região metropolitana de São Paulo.
“Solicitamos mais 100 mil doses da vacina tríplice (que previne sarampo, caxumba e rubéola) para reforçar todo o Paraná, mas especialmente Curitiba, por ser o município com maior incidência do sarampo”, acrescenta o secretário Beto Preto
Sintomas e transmissão
O sarampo é uma doença de fácil transmissão e seu contágio se dá pelo ar, visto que é uma virose de transmissão respiratória. Ela pode atingir tanto crianças quanto adultos. Os sintomas mais comuns são febre alta, conjuntivite associada, olhos lacrimejantes e aversão à luminosidade, além de mal-estar, e tosse seca e persistente. Após três dias de febre alta, em média, surgem manchas avermelhadas pelo corpo e durante cerca de 7 a 10 dias, o paciente fica convalescente. Ela não tem tratamento específico e pode agravar outras doenças como otite, pneumonia e tuberculose.
Com Agência Brasil e Agência Estadual de Notícias
Foto: Agência Brasil