Telma Elorza
O LONDRINENSE
A falta do que fazer dos nobres vereadores de Londrina chegou a um ponto absurdo. A última da Câmara de Londrina foi marcar uma audiência pública para discutir o projeto de lei inútil 95/2022, da vereadora Jessicão (PP), que tem o objetivo de restringir a comercialização e exibição de produtos alimentícios em formato de órgão sexuais. Ou seja, em Londrina não vai ser possível expor comidas que tenham formatos de pênis e vaginas. As feiras livres e supermercados terão que esconder as cenouras, pepinos, abobrinhas e qualquer outro alimento em formato fálico (bananas, meu Deus, que horror), assim como os melões e figos cortados para não horrorizar nossas crianças e a vereadora. Eles não podem ver um pepino grosso e cabeçudo.
Marcaram a audiência pública para próxima quarta-feira (16), à partir das 19 horas, na Câmara Municipal, com transmissão ao vivo pelos canais do legislativo londrinense no Youtube e Facebook
A própria Assessoria Jurídica da Câmara, que está ali e é bem paga para que os vereadores não façam cagadas (infelizmente, dinheiro público que está sendo desperdiçado porque os vereadores não respeitam a opinião técnica), já havia indicado inconstitucionalidade e ilegalidade da matéria, que inicialmente previa a proibição total de pênis e vaginas comestíveis. A autora mudou para “restringir” a venda e a audiência pública, agora, é uma tentativa de legitimar uma coisa que continua absurda.
O substitutivo agora inclui três artigos no Código de Posturas de Londrina (lei municipal nº 11.468/2011), para prever que os estabelecimentos comerciais que exibam e comercializam produtos e materiais eróticos e pornográficos terão de adotar medidas restritivas à visualização, nas áreas externa e interna dos estabelecimentos, de forma a impedir a visão, o acesso e manuseio destes itens por crianças e adolescentes. Ainda segundo a matéria, os infratores poderão ser multados em graus mínimo, médio ou máximo, cabendo ao Poder Executivo Municipal regulamentar os valores e critérios de graduação.
Por tratar-se de projeto que visa criar regras de posturas municipais, que integram o Plano Diretor, a Assessoria Jurídica da Câmara de Londrina indicou a necessidade de realização de audiência pública, para que o tema seja debatido com a população, e o envio do projeto ao Conselho Municipal de Gestão Territorial de Londrina (antigo Conselho da Cidade) para manifestação. Até o momento, o conselho não apresentou o parecer solicitado. Acho que o conselho não se manifestou porque está rindo até agora.
O que eu sei é o seguinte: a maldade está na cabeça de quem vê. Pênis e vagina todos temos, alguns até tem os dois. Ou vão esconder isso das crianças também? É preciso parar de encarar órgãos sexuais como se fossem coisas pecaminosas, porque isso é traumático, antinatural e traz uma série de problemas. Ou será que a vereadora acha que escondendo pênis e vaginas de crianças ou adolescentes (RÁ), vai fazer todo mundo desistir de sexo que também é bom e natural?
Impor leis para censurar esse tipo de coisa não adianta, principalmente quando crianças e adolescentes podem entrar, a qualquer hora, em sites pornôs e ver aquilo que estão sendo proibidos de ver no comércio. Aliás, a vereadora chama pra si a responsabilidade de educar os filhos dos outros. O que será que vai fazer a seguir? Um projeto de lei proibindo crianças e adolescentes de tomarem banho para não verem órgãos sexuais?
Eu aconselho todo mundo de bom senso a participar dessa audiência e derrubar de vez esse projeto ridículo. Só assim, podemos mostrar que estamos insatisfeitos com o desempenho dessa Câmara de Vereadores. Apesar que as urnas já mostraram isso, né?
SERVIÇO
Audiência pública sobre o projeto de lei nº 95/2022, que restringe a venda de alimentos em formatos de órgãos sexuais
Data: 16/11/2022
Horário: 19 horas
Local: Sala de Sessões da Câmara de Londrina e pelo Youtube e Facebook
Foto: Pexels
Respostas de 2
Não é possível..
Ainda bem que essa vereadora medíocre não se elegeu deputada federal, embora está na suplência.
Não passa de uma falsa cidadã do bem, com uma atuação improdutiva na vereança.
Tem sido recorrente essa legislatura aprovar projeto de lei com parecer contrário do jurídico.
Torço para que não sejam reeleitos em 2024.
Se nada me atrapalhar, pretendo participar pelo face da audiência.
De fato, “a vereadora chama pra si a responsabilidade de educar os filhos dos outro”. Exatamente isso. É um falso moralismo repugnante.