Por Wilson Moreira (*)
A esfera política é responsável pela organização da sociedade. Cada Estado precisa de política para que mantenha-se sob mínima ordem. A história humana é basicamente uma história da política, isto é, das lutas travadas por indivíduos, grupos ou nações para conquistar, manter ou ampliar o poder político. Essas lutas podem ser violentas, na forma de assassínio de dirigentes, guerras, revoluções e golpes de estado, ou pacíficas por meio de eleições e plebiscitos.
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A evolução política do ocidente nos trouxe às formas pacíficas, privilegiando o debate público pelas formas democráticas, ou seja, um avanço civilizado e racional das concepções políticas. Nas democracias, reconhece-se a soberania popular como princípio da legitimação do poder tendendo a harmonizar os conflitos de interesse. A democracia como regime político menos nefasto é inegável. Outrossim o fundamentalismo político, que nega a democracia em sua essência, tem emergido mesmo entre democracias mais maduras como as europeias.
O fundamentalismo político une conceitos da religião e do populismo, como nos mostra o cientista político Fabrício Amorim em sua tese de doutorado pela PUC- SP “Fundamentalismo político no ecossistema digital”. Para Amorim um exemplo do fundamentalismo é a compreensão da política como uma disputa entre partes que buscam se exterminar, e não entre partes que brigam pelo poder, como é de praxe na democracia. A busca em exterminar o adversário na pretensa luta do bem contra o mal usa de todas as maneiras para arrebanhar eleitores, como fomentar a descrença nas instituições (e na própria política!), descredibilizar a imprensa profissional, colocar em dúvida a ciência e tecer teorias conspiratórias e relacioná-las com seus adversários.
Fundamentalismo político detesta a democracia
Os fundamentalistas detestam a democracia, pois ela os obriga a viver entre os diferentes. Nada os assusta mais. Desejam que a sua religião seja única e seus princípios impostos a todos, querem que a Igreja reúna-se ao Estado novamente. Especificamente para eles, a sociedade precisa ser estática, sua compreensão é diminuta das questões coletivas e racionais da administração do poder.
Infelizmente muitos têm sido fisgados pelo anzol da ignorância e intolerância jogado nos meios digitais em que semeiam medo e terror. A colheita tem sido o ódio adequado para alimentar as ideias fundamentalistas e até fascistas. As emoções são usadas para fazer crer numa realidade paralela e negar a realidade concreta. Os fundamentalistas criam e vivem em um mundo à parte onde torna-se difícil retirá-los de lá. Ideias requentadas da história servem de argumentos risíveis para justificar posições políticas, porém são sempre contra o adversário. Quem não adere a seus ideais(?) precisam ser eliminados pois são o mal.
Dito tudo isso é fundamental que se diga que, no Brasil, a polarização não é a que tentam impor. A polarização, se é que existe, é que de um lado estão os que creem na ciência; os que acreditam na justiça e nas instituições e lutam pra melhorá-las; os que que têm suas diversas religiões, mas pensam racionalmente e os que preservam a democracia como bem maior, sendo do outro lado os fundamentalistas políticos, que com seu ódio apenas causam mais confusão atrapalhando o conviver democrático e racional, querendo nos levar de volta à idade média. Aprimorar a cidadania, a democracia e as instituições é o papel da política, nada mais.
(*) Wilson Moreira é policial penal, cientista social e poeta em Londrina
Foto principal: Imagem gerada por IA/Freepik
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Uma resposta
Esse fundamentalismo irá destruir nossa sociedade.. infelizmente veremos isso em breve. Ser fundamentalista é muito mais fácil. Basta crer cegamente que seu ponto de vista é o melhor .. seu Deus é único e bloquear todo contraponto…enfim.. não é necessário pensar….rezemos……….