Por Felipe José
Olá, pessoal, muuuuito bom estar com vocês mais uma vez! Hoje eu trago uma reflexão sobre duas situações que aconteceram comigo na semana passada que valem muito a pena analisarmos.
Eu estava em Cuiabá/MT com um representante de uma empresa que assessoro, participando de uma feira, e logo que cheguei, na noite mesmo que o avião desceu, já eram mais de 22 horas horário local, fui até a recepção do hotel e perguntei se havia um ferro de passar roupas para eu usar ou se o hotel possuia algum serviço de passadoria. Eu precisava passar a camisa que usaria no dia seguinte no evento.
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– Boa noite, senhor, por acaso vocês tem um ferro de passar roupas para me emprestar? Ou caso exista um serviço de passadoria no hotel, consigo deixar minha camisa aqui agora e pagar amanhã antes de eu sair? Falei para o recepcionista que prontamente me respondeu:
– O senhor deixa a camisa aqui comigo que amanhã o pessoal terceirizado pega e traz de volta no dia seguinte no final da tarde.
Vejam só, eu precisava da camisa para o dia seguinte, mas dessa maneira como o serviço me havia sido oferecido, eu teria minha camisa somente no dia seguinte do seguinte, no final da tarde. Ou seja, teria que ficar com as camisas amassadas em 2 dos 3 dias de evento.
Indaguei mais uma vez:
– É que eu preciso de uma camisa passada amanhã para o evento, eu devo sair do hotel por volta das 9 horas (evento começava 10 horas), será que não tem nada que podemos fazer?
Novamente a resposta veio:
– O senhor deixa a camisa aqui comigo que amanhã o pessoal terceirizado pega e traz de volta no dia seguinte no final da tarde, é de um dia para o outro que eles fazem.
Sem ter muito o que fazer, já descrente com a situação, subi para o meu quarto, me deitei, entrei no Google para ver onde havia uma lavanderia próxima e, no dia seguinte, 8 horas, eu estava na porta de uma lavanderia profissional passando minha camisa e resolvendo o meu problema. Vamos guardar essa história e vamos agora para a história da Sol.
A vendedora de sorvetes
Nessa mesma viagem, em um desses dias após sair da feira, eu fui até um shopping para comprar os “presentes de viagem” das crianças (quem tem filho pequeno sabe que não podemos voltar para casa de mãos vazias), comprei os presentes, jantei (e bem) e depois estava dando uma volta no shopping procurando a saída.
Quando estava passando em frente a uma dessas “sorveterias gourmet” fui abordado pela Sol, antendente do balcão:
– Senhor, senhor, não quer tomar um delicioso sorvete da (marca do sorvete) hoje? Nosso sorvete de pistache é o melhor e todos nossos concorrentes tentam nos imitar!
Como disse antes, eu já havia jantado, e bem, e não queria tomar um sorvete apesar do calor que faz em Cuiabá mesmo no outono. Sendo assim respondi educadamente:
– Muito obrigado moça, eu realmente nem consigo tomar um sorvete agora, pois acabei de jantar (e bem).
Ela riu e antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ela estava com uma colherzinha de prova na minha frente com uma boa quantidade de sorvete de pistache. Olhou bem pra mim e com um sorriso no rosto falou assim:
– Eu tenho certeza que se o senhor provar, o senhor pode até não comprar agora, mas vai voltar e comprar comigo quando estiver aqui no shopping mais uma vez.
Naquele momento eu parei, pensei, refleti, tudo em questões de segundos, e percebi que ela estava usando “contra mim” exatamente o que eu ensino! Agora eu sorrindo e feliz por ver que estava diante de uma vendeodora nata falei:
– Como é seu nome?
– Sol. – Ela respondeu.
– Sol, eu vou te falar uma coisa, eu tenho uma empresa de assessoria e consultoria comercial, dou mentoria para representantes comerciais e líderes de equipes de representantes, palestrante de como o networking pode acelerar nossas negócios, e você usou “contra mim” exatamente o que eu mais falo no meu dia a dia.
– O que? Ela perguntou.
– Eu vou comprar um sorvete seu agora, e daquele que vem dois sabores no cascão, mas não pelo sabor do sorvete (que era realmente muito bom) mas por causa de você! Pessoas compram de pessoas e você me cativou a comprar pelo simples fato de ENTENDER que agora eu não queria, mas mesmo assim fez questão de estar com o sorriso no rosto e me proporcionar conforto. Por sua simpatia e conforto de respeitar meu momento de querer comprar depois, eu vou comprar um agora.
Eu realmente não estava em condições de tomar um sorvete grande naquele momento e por isso abordei a primeira criança que estava passando no shopping junto com os pais, perguntei se poderia pagar um sorvete para eles, e assim o fiz, comprei o sorvete da Sol. Como não sou de Cuiabá e provavelmente volte lá só daqui 6 meses, não poderia deixar de compar da Sol e aproveitei para fazer uma criança feliz.
Agora vamos à reflexão.
Não estou falando da qualidade do café da manhã hotel, da maciez da cama, da higiene do banheiro, da força da água do chuveiro, de nenhuma qualidade física do hotel, que eram realmente boas, mas pergunto: Você acha que eu volto a ficar nesse hotel depois da “ajuda” que tive do recepcionista?
Da mesma forma que não estou falando do sabor do sorvete, da consistência da massa, do sabor da casquinha, da apresentação do conjunto, que também eram muito bons, mas nada muito diferente dessas outras sorveterias gourmet, mas em qual sorveteria de qual shopping de Cuiabá eu vou fazer questão de voltar na próxima vez que estiver na cidade?
Perceba, PESSOAS COMPRAM DE PESSOAS, e não se trata de ter as melhores características físicas do negócio ou melhores propostas de preço, condições de pagamento, mas sim de ATENÇÃO ao outro que está a sua frente. Precisamos ser inspiradores para tomada de decisão, e a melhor maneira de inspirarmos é saber compreender o que o outro que está a sua frente precisa e, dentro da sua possibilidade, ajuda-lo a resolver o problema. O grande PODER DA AJUDA MÚTUA!
O recepcionista do hotel às vezes nem teve a intenção de ser tão direto, para não falar outro adjetivo, mas a situação seria bem diferente se ele tivesse me perguntado se eu gostaria que ele me indicasse lavanderias profissionais próximas ao hotel que eu pudesse logo pela manhã ir até lá.
À vendedora SOL, meu muito obrigado. Ao dono do hotel, acho melhor treinar sua equipe!
Felipe José
Formado em Administração, pós-graduado em Gestão Comercial, Executive Director Sales, Diretor regional do BNI – Business Networking International.
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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.
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