Violência política de gênero e os prejuízos para a sociedade

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Por Márcia Huçulak

Na coluna de hoje, cedo o espaço para um pertinente artigo da secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná, Leandre Dal Ponte.

À frente da pasta, Leandre vem desenvolvendo um relevante trabalho de valorização das causas femininas.

Neste texto, ela traz uma análise e considerações importantes sobre a necessidade de se ampliar a participação das mulheres na política.

Juntas fazemos mais.

O artigo foi publicado originalmente no jornal Gazeta do Povo

A sombra da violência política de gênero e seus prejuízos para a sociedade

A violência política de gênero é uma realidade persistente que não apenas afeta diretamente as mulheres envolvidas na política, mas também tem repercussões profundas para a sociedade. Esse tipo de violência se manifesta de várias formas, incluindo assédio, discriminação, difamação e até violência física, visando silenciar e marginalizar as mulheres no espaço político. As consequências dessa violência vão muito além do impacto imediato sobre as vítimas; elas reverberam através do tecido da nossa democracia, enfraquecendo-a.

As mulheres trazem perspectivas, experiências e habilidades únicas para a política que são essenciais para a criação de políticas públicas inclusivas e eficazes. A exclusão das mulheres do processo político tem consequências devastadoras para a representatividade e eficácia governamental. Sem a diversidade de perspectivas que as mulheres trazem, decisões políticas tendem a refletir uma visão limitada, negligenciando questões cruciais como saúde, educação, violência doméstica e igualdade de gênero. Isso ocorre porque questões específicas de gênero, muitas vezes, não são priorizadas ou mesmo adequadamente compreendidas sem a participação feminina.

A participação feminina em cargos decisórios, especialmente em setores como urbanismo, transporte e gestão de serviços públicos, por exemplo, é capaz de ampliar o acesso e a segurança das mulheres, combater o assédio e a violência e, consequentemente, elevar o bem-estar de toda a comunidade.

A falta de mulheres em posições de liderança diminui a disponibilidade de modelos para outras mulheres e meninas, perpetuando um ciclo de desigualdade e sub-representação. Estilos de liderança colaborativos, frequentemente adotados por mulheres, são essenciais para a criação de políticas públicas mais integradas. A legitimidade democrática é comprometida quando mais da metade da população é sub-representada, o que enfraquece a democracia e impede o desenvolvimento social e econômico.

O que buscamos é uma sociedade onde homens e mulheres possam contribuir de forma equânime.

A inclusão das mulheres no processo político não é apenas uma questão de justiça social, mas um requisito fundamental para construir sociedades mais justas, inclusivas e prósperas. A violência política de gênero não é apenas um ataque contra as mulheres; é um ataque contra os próprios alicerces de uma sociedade democrática e progressista.

Como alguém que já enfrentou e presenciou a violência política nas esferas de poder do nosso país, compreendo com clareza os obstáculos que nós mulheres enfrentamos no caminho para uma participação política efetiva. A violência política de gênero existe de forma sutil e dissimulada, criando uma barreira significativa que desencoraja a entrada de mais mulheres na arena política. A prova disso é o baixo número de mulheres em espaços cujo acesso se dá por meio das eleições. Tome como exemplo o estado do Paraná, onde me tornei a primeira mulher a ser eleita por três vezes para o cargo de deputada federal. Isso nos leva a questionar: por que essa raridade?

Nosso maior desafio é esse: aumentar a representação feminina na política, sem que o processo eleitoral cause danos físicos, emocionais e psicológicos às mulheres que concorrem. Da mesma forma, precisamos garantir que quando eleitas, as mulheres possam desempenhar seu papel sem medo de assédio ou violência, como os vários e crescentes casos que infelizmente vemos no noticiário.

Não tenho duvidas de que se mais mulheres estivessem na política, as leis aprovadas seriam diferentes, os problemas poderiam ser resolvidos de formas diferentes e as prioridades também não seriam as mesmas. A diversidade de vozes femininas poderia reformular significativamente o nosso panorama político, trazendo à luz questões e soluções que, atualmente, permanecem à margem.

O que buscamos é uma sociedade onde homens e mulheres possam contribuir de forma equânime para a elaboração, a implementação e a fiscalização de políticas públicas, sem que o medo de violência limite suas performances públicas. Neste contexto, a criação de uma Secretaria de Estado com foco nas questões específicas das mulheres como a do estado do Paraná, é mais do que uma medida administrativa; é um reconhecimento da necessidade de abordar as desigualdades de forma estruturada e sistemática. Uma secretaria dedicada, que tem o potencial de liderar esforços no combate à violência política de gênero, promover a igualdade e garantir que as políticas públicas reflitam as necessidades e experiências de todos.

É imprescindível que essa secretaria atue como um catalisador para mudanças culturais e legislativas necessárias para criar um ambiente político mais inclusivo e seguro para as mulheres. A violência política de gênero é um obstáculo significativo à igualdade de gênero e ao desenvolvimento democrático. Confrontar e superar essa violência não são apenas uma questão de justiça para as mulheres afetadas; são cruciais para o bem-estar e progresso de toda a sociedade.

Leandre Dal Ponte*

*Leandre Dal Ponte é deputada federal e Secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná.

Márcia Huçulak

A violência política de gênero é uma realidade persistente com repercussões profundas na sociedade. Nesta coluna, cedo meu espaço para a secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná, Leandre Dal Ponte, para uma análise certeira.
Divulgação/Alep

Como secretária de Saúde de Curitiba (2017/2022), liderou o enfrentamento da pandemia de covid-19 na capital – trabalho reconhecido nacionalmente. Formada em Enfermagem pela PUC-PR, tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres (Inglaterra) e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz. Elegeu-se deputada estadual em 2022 pelo PSD, sendo a mulher mais bem votada do estado e a mais votada (entre homens e mulheres) de Curitiba. Encontre a Márcia Huçulak nas redes: site
www.marciahuculak.com.br; Instagram: @marciahuculak; Facebook: Márcia Huculak. Telefone gabinete: (41) 3350-4223.

Foto Principal: Márcia Huçulak e Leandre Dal Ponte: juntas fazemos mais – Divulgação

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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