Inspiração para 2024? Vale olhar para o SUS

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Por Márcia Huçulak 

Semana passada o fundador da Microsoft, o bilionário Bill Gates, publicou num artigo elogiando o Sistema Único de Saúde (SUS). Em geral, muitos de nós temos uma visão negativa e distorcida das políticas públicas no Brasil.

Mas, do que estamos falando quando falamos de políticas públicas?

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O termo, muitas vezes usado de forma superficial, embute, no entanto, um conceito crucial para a evolução das sociedades, em especial a brasileira, ainda com tantas desigualdades.

É por meio das políticas públicas que se promove a justiça social, que diretos humanos são garantidos e que a vida das pessoas melhora.

Ao analisarmos tantos desafios que enfrentamos como nação, é comum focarmos nos problemas. É natural que isso ocorra, e mesmo necessário – afinal, problemas precisam ser encarados com clareza.
Mas um ponto, fundamental, precisa ser valorizado: conhecer os motivos que fazem uma política pública funcionar.

O SUS é um bom exemplo da importância de uma política pública bem pensada, bem executada e que evoluiu ao longo dos anos – o que não quer dizer que isso tenha ocorrido sem percalços, nem que o sistema seja perfeito ou que não tenha necessidade de ajustes permanentes para prosseguir com sua missão.

Importância do SUS

Criado pela Constituição de 1988, o SUS é um caso único em todo o mundo. Nenhum outro país com mais de 200 milhões de habitantes e com as dimensões territoriais do Brasil dispõe de um sistema com o chamado acesso universal – ou seja, aberto a todos os seus cidadãos e cidadãs, sem distinção de qualquer espécie.

O sistema assegura acesso a atendimentos, procedimentos, serviços de emergência, transplantes, vacinas e remédios.

Há indicadores que demonstram claramente a sua evolução.

Quando entrou em vigor, no início dos anos 1990, a expectativa de vida ao nascer no Brasil era de 64,3 anos. Pulou para 75,9 anos em 2020 – ou 11,6 anos a mais. O último Censo mostrou que o número de pessoas com mais de cem anos de idade cresceu 56% no país.

A taxa de mortalidade infantil, por sua vez, era de 75,9 a cada 1.000 nascidos vivos, passou para 11,9 – uma redução de 84%.

Outros fatores socioeconômicos foram também importantes para esses avanços, mas a ampliação da estrutura de atendimento e a gama de serviços de saúde ofertados foram primordiais.

A evolução se reflete em vários outros indicadores: controle de doenças infectocontagiosas (no caso da Aids, o Brasil é exemplo mundial), vacinação (temos o melhor e mais abrangente programa de imunização do mundo, ainda que estejamos sofrendo nos últimos anos uma recaída, decorrente de campanhas de desinformação), saúde da mulher (com resultados no planejamento reprodutivo, prevenção e tratamento de câncer de mama e útero), prevenção de doenças, melhoria do atendimento básico de saúde…

Estamos falando, enfim, de vida e de qualidade de vida.

Dentro do cenário nacional, Curitiba e o Paraná escrevem um capítulo especial no SUS.

Programas como Mãe Curitibana e Mãe Paranaense (materno-infantil), o Saúde em Casa (idosos), o Escute seu Coração, o controle de DST/Aids, uma robusta rede de atendimento, servidores qualificados, capacitados e dedicados…

São ações e estruturas conhecidas e reconhecidas nacionalmente, que inspiram outros lugares. Somos referência no país.

Mas o mais importante: geram saúde para a população, o que se traduz em cidadania e uma inclusão social pouco vista em outras áreas. Bons serviços disponíveis para todos representam menos desigualdade.

Com o ano chegando ao fim, me pareceu importante relembrar o que o SUS significa para todos nós, como forma de reconhecer o que temos/fazemos de melhor e de inspirar novas ações no ano prestes a começar.

Saúde é vida e a vida merece nosso melhor.

Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de realizações a todos.

Márcia Huçulak

O bilionário Bill Gates publicou um artigo elogiando o Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS é exemplo mundial quando se trata de políticas públicas para a saúde
Divulgação/Alep

Como secretária de Saúde de Curitiba (2017/2022), liderou o enfrentamento da pandemia de covid-19 na capital – trabalho reconhecido nacionalmente. Formada em Enfermagem pela PUC-PR, tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres (Inglaterra) e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz. Elegeu-se deputada estadual em 2022 pelo PSD, sendo a mulher mais bem votada do estado e a mais votada (entre homens e mulheres) de Curitiba. Encontre a Márcia Huçulak nas redes: site
www.marciahuculak.com.br; Instagram: @marciahuculak; Facebook: Márcia Huculak. Telefone gabinete: (41) 3350-4223.

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Foto: Canvas

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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