Campanhas eleitorais: planejamento não é estratégia

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Por Marcelo Fabrão

A maioria dos profissionais que atua na área do marketing político entende que planejamento estratégico, no mundo político, não tem nada a ver com estratégia.

Planejamento é um conjunto de atividades que o político, em campanha eleitoral ou mandato, vai fazer ou não, para o seu eleitor. Já estratégia é um conjunto integrativo de escolhas que posiciona o político, em um jogo complexo, frente a frente com seus oponentes. Nesse caso, cada jogada conta a seu favor ou contra.

Os detalhes são importantes e ganha quem erra menos.

Para Kotler (1992), planejamento estratégico é um processo de gestão que busca desenvolver e manter os objetivos e as oportunidades do mercado que estão sempre em modificação. Este processo é importante para obter os resultados para que a empresa e “campanha ou mandato” cresça.

Já a estratégia define o que o político quer alcançar e por quê. Peter Drucker acreditava que o objetivo da estratégia era permitir que uma organização alcançasse os resultados desejados em um ambiente imprevisível. Ele sabia que os riscos não poderiam ser evitados. Na verdade, ele acreditava que riscos eram um requisito para o sucesso.

O planejamento não exige coerência, mas é confortável porque envolve recursos que você pode controlar.

Você pode controlar quantos profissionais contratar para a equipe, onde atuar, quanta publicidade veicular, quanto investir em impulsionamento e assim por diante. Você pode planejar essas variáveis.

No planejamento definimos projetos com cronogramas, entregas, orçamentos e responsabilidades, ou seja, estamos no controle.

Estratégia é “brigar” com variáveis que não controlamos e que nem sempre vamos conseguir controlar. É aqui que mora o perigo. Estratégia é uma linha tênue entre o que eu controlo com o que não controlo. Por isso, tornar uma estratégia viável não é fácil.

Precisamos de ambos, mas que fique bem claro: planejamento não substitui estratégia.

Como você desenvolver uma estratégia?

Comece identificando o campo de atuação em que você quer estar. Determine onde você pode vencer.

Desenvolva uma teoria sobre o por quê desse campo de atuação é o certo para você.

Tenha em mente o que você pode fazer para servir os eleitores nessa área de atuação melhor do que qualquer outra pessoa.

Crie uma narrativa que traduza sua teoria e escolhas ações táticas coerentes com ela.

Pense na estratégia como um mapa.

O mapa tem que mostrar onde você está e para onde quer ir. Ele também deve mostrar o terreno e os obstáculos que você pode encontrar ao longo do caminho. Sem um mapa, você estará perdido; sem uma estratégia, você ficará sem direção.

Nunca esqueça disso

Em vez de se concentrar em ações que você quer realizar, concentre-se nos resultados que você quer alcançar.

Ao invés de listar um conjunto de atividades que parecem ideais para você, identifique um conjunto de escolhas que farão você vencer na sua área de atuação.

Não tente persuadir o seu público, prefira ouví-los e atendê-los melhor do que qualquer outra pessoa.

Concentre-se em um segmento específico e diferencie-se dos concorrentes.

Use uma estratégia clara e concisa que seja fácil de comunicar e entender.

Aceite a incerteza. Assuma riscos calculados.

Monitore e ajuste continuamente a estratégia com base nas mudanças do ambiente.

Para terminar

Uma boa estratégia é flexível e adaptável a mudanças no ambiente ou nas circunstâncias. Ter clareza nisso é crucial para uma estratégia bem-sucedida.

Toda estratégia deve priorizar e focar nas iniciativas mais importantes para evitar “goteiras” (dispersão de recursos). É necessário também ter a capacidade de agir rapidamente e tomar decisões sob pressão. Além disso, é preciso saber utilizar os recursos disponíveis com propriedade.

Pensamento inovador é muito importante para que a estratégia seja única e eficiente.

Uma das poucas maneiras de ter a chance de fazer com que o eleitor faça o que você deseja é ter um conhecimento pleno sobre como você pode reunir as variáveis ​​sob seu controle e produzir uma narrativa que obrigue os eleitores a escolher sua marca em vez das dos concorrentes.

Isso é estratégia e não planejamento, mas para executar tudo isso é preciso planejamento.

Sobre mim

Planejamento não é estratégia. E não se pode confundir as duas coisas, numa campanha eleitoral. Estratégia é assumir riscos, num conjunto de escolhas que posiciona o político em um jogo complexo. Saiba mais

Meu nome é Marcelo Fabrão. Sou marqueteiro político há 16 anos. Casado, pai de dois meninos lindos, Filipe Lucas e David Luiz. Amo filmes, séries, rock, fotografias, bateria e Muay Thai. Em 2020, no meio daquela pandemia infernal, percebi a importância do branding na estratégia de comunicação eleitoral e me tornei um estrategista de marcas com o propósito de ajudar políticos a se transformarem em marcas sinceras e atuais. Além de consultor de Marketing Político e Branding, sou diretor de um Instituto de pesquisa e da agência Fabbron. Me siga no Instagram @marcelorfabrao e no Linkedin 

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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