Por Maurício Chiesa Carvalho
Uma carreira significa estrada, caminho, engloba cargos e empresas em que você trabalhou, os conhecimentos que você acumulou e as competências e habilidades que você foi desenvolvendo para crescer profissionalmente. Profissão, por outro lado, é o que você estuda.
Comportamento é termo que caracteriza toda e qualquer reação do indivíduo, animal, órgão ou instituição perante o meio em que está inserido.
Existe uma íntima relação entre elas.
De certa maneira, o script de vida pode influenciar na decisão da carreira ou profissão. Porém, o comportamento “positivo” em relação a essa escolha depende dos motivos e dos “por quês” aquela carreira e/ou profissão fora escolhida.
Por isso, existem muitas pessoas que, às vezes, são frustradas pela escolha forçada de manter um legado de profissão herdado dos pais, por exemplo.
Um comportamento pautado em necessidade de sobrevivência, por exemplo, também pode levar a pessoa a desempenhar atividade, trilhar determinada carreira ou exercer determinada profissão. Ou até mesmo trabalhar em uma determinada empresa que destoe de seus valores. Aqui, a chance de frustração, adoecimento psíquico é muito grande, até mesmo o surgimento de Burnout.
A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho de um indivíduo. Essa condição também é chamada de “síndrome do esgotamento profissional” e afeta quase todas as facetas da vida de um indivíduo. Passou a ser reconhecida oficialmente como doença do trabalho e CID em 2022.
Quanto mais próximo o IKIGAI da pessoa com aquela organização, carreira ou profissão, mais feliz e produtiva ela será. Em japonês, IKIGAI significa “A RAZÃO PELO QUAL EU ACORDO TODOS OS DIAS PELA MANHÔ ou “RAZÃO PARA VIVER”, conceito que traz ao universo do desenvolvimento humano a busca pelo SENTIDO para tudo o que realizamos.
Friedrich Nietzsche diz que “quem tem um por que viver suporta quase todos os comos”.
Eis a importância deste alinhamento.
Em falando em necessidade, na década de 2000, surgiu a chamada Síndrome do MBA, que foi a busca por rápida qualificação e formações para uma maior visibilidade e empregabilidade. Contudo, entende-se que o processo de aprendizagem é um equilíbrio entre idade, formação, experiência e qualificação. Caso não andem em equilíbrio, pode haver um descompensamento do indivíduo, entrando em um loop de mecanismo defesa-ataque, supervalorizando algum destes quatro pontos. Geralmente a busca do status e supervalorização profissional acaba prevalecendo e, por outro lado, o ponto cego da arrogância, ganância, entre outros.
E essa suposta Síndrome do MBA de certa maneira pode ter contribuído pelo o que chamamos hoje de “Síndrome do Impostor”. Em primeiro lugar, apesar do nome, a síndrome do impostor não é uma doença. Aliás, o termo adequado é “fenômeno do impostor”, indicando que a pessoa não considera as potencialidades que tem para assumir uma vaga de emprego ou aceitar novos desafios. Pode ocorrer com qualquer profissional, desde os recém-formados até os mais experientes.
Esse conceito foi criado em 1978, nos Estados Unidos, pelas psicólogas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, e a ideia é que o sujeito não enxerga suas conquistas como fruto do próprio mérito. Assim, vê que não vai dar conta de assumir, por exemplo, o cargo pelo qual foi escolhido e que, cedo ou tarde, os colegas vão descobrir que ele é uma fraude.
E o porquê disto? Pela fragilidade de um dos quatro aspectos, entre idade, formação, experiência e qualificação.
Por fim, o reflexo aparece hoje em líderes. E falar de lideranças humanitárias (que é temática de meu novo livro) é justamente sobre isso: lideres humanitários focam em relações e influenciar pessoas, não cargo, ego ou status.
Maurício Chiesa Carvalho
Administrador, Executivo de RH, psicanalista, consultor, docente e escritor. Conselheiro da Academia Europeia de Alta Gestão e um dos RHs mais Admirados do Brasil de 2021. Linkedin mauríciochiesacarvalho
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