Por Robson Moretão
A tecnologia dos games tem sido utilizada para mais do que entretenimento, e uma das áreas que está se beneficiando dessa inovação é a reabilitação de pessoas com Parkinson. No artigo de hoje, exploramos como um jogo desenvolvido por uma pesquisadora brasileira está fazendo a diferença na vida de muitos pacientes.
O que é a Doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é uma condição neurológica progressiva caracterizada pela degeneração dos neurônios produtores de dopamina no cérebro. A falta dessa substância química vital resulta em uma série de sintomas motores, incluindo tremores em repouso, rigidez muscular, lentidão de movimentos (bradicinesia) e instabilidade postural. Além desses sintomas motores, os pacientes podem também enfrentar dificuldades não motoras como problemas de sono, alterações de humor, dificuldades cognitivas e distúrbios autonômicos. Embora ainda não haja cura, diversos tratamentos visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes, e agora, os jogos estão se tornando uma ferramenta importante nessa luta.
A pesquisa revolucionária
A doutoranda Luanne Cardoso Mendes, do programa de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolveu um jogo chamado “RehaBEElitation” em parceria com a Université de Lorraine, na França. O objetivo do jogo é auxiliar no tratamento de pessoas com Parkinson, aproveitando a tecnologia para criar uma experiência de reabilitação inovadora e eficiente.
No “RehaBEElitation”, o jogador controla os movimentos de uma abelha utilizando uma luva equipada com sensores táteis. O jogo inclui quatro fases onde o jogador deve realizar tarefas como polinizar flores, alimentar larvas, coletar e secar néctar. Essas atividades foram projetadas para imitar os movimentos utilizados na avaliação clínica da doença de Parkinson, como abrir, fechar, estender e flexionar as mãos. O sistema utiliza a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS) como base, garantindo que os movimentos do jogo sejam clinicamente relevantes.
Resultados promissores
Os primeiros resultados do uso do “RehaBEElitation” são promissores. Através do jogo, os sensores capturam dados dos movimentos dos pacientes, armazenando informações sobre os tremores que podem ser analisadas posteriormente por profissionais de saúde. Essas análises ajudam a personalizar o diagnóstico e tratamento para cada paciente, oferecendo uma abordagem mais precisa e eficiente.
Paciente com a doença de Parkinson jogando o jogo RehaBEElitation
A recepção dos pacientes ao jogo tem sido extremamente positiva. Muitos relataram que o jogo não apenas ajudou na reabilitação física, mas também trouxe benefícios cognitivos, melhorando memória, concentração e aliviando sintomas de depressão. O feedback sugere que os pacientes se sentem mais motivados a realizar os exercícios no ambiente lúdico do jogo, em comparação com os exercícios tradicionais em ambiente clínico.
O Futuro do “RehaBEElitation”
Com base nos resultados iniciais, a equipe de pesquisa planeja expandir o uso do “RehaBEElitation” para incluir a avaliação e reabilitação dos membros inferiores, transformando o jogo em uma ferramenta completa para o monitoramento e tratamento da doença de Parkinson. Este projeto exemplifica como a interseção entre tecnologia e saúde pode levar a inovações que realmente fazem a diferença na vida das pessoas.
A utilização de games na reabilitação de pacientes com Parkinson é uma área que promete crescer ainda mais, trazendo esperança e melhorias significativas para aqueles que convivem com essa doença desafiadora. Com cada avanço, aproximamo-nos de um futuro onde a tecnologia não só entretém, mas também cura.
Robson Moretão
Um maluco por games desde sempre – há mais de 30 anos! Sou fissurado em histórias incríveis, desafios “impossíveis” e gráficos realistas. Aqui, na minha coluna, vou falar sobre o avanço desta indústria fantástica e seus desdobramentos. Ah, e se quiser ficar por dentro das últimas novidades dos games e e-sports diariamente, cola comigo nas minhas redes sociais: Twitter, Tiktok, e Instagram
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