Mercado projeta uma elevação de 9%, embalada por perfis de consumo que cresceram na pandemia e novidades no segmento de motos urbanas
O LONDRINENSE com assessoria
As motocicletas voltadas para o uso urbano sempre dominaram a preferência do consumidor brasileiro. Em 2022 representaram 75% das vendas, fatia que deve ser ainda maior neste ano diante de dois perfis de consumo que cresceram durante a pandemia e devem se intensificar em 2023: os serviços de entrega de comida e de produtos adquiridos via on-line e a escolha cada vez maior pela motocicleta como principal meio de transporte.
A Fenabrave – associação que reúne as fabricantes de veículos – projeta uma alta de 9% no volume de emplacamentos comparado a 2022 e atribui o prognóstico justamente a esses dois fatores. “O delivery e as compras pela internet continuarão ocorrendo em 2023, além da troca do carro pela moto por parte dos consumidores”, afirma José Maurício Andreta Júnior, presidente da entidade.
Para se ter uma ideia, a CG 160 e a Biz, modelos da Honda que são os líderes de venda no segmento duas rodas, abocanharam 58% do licenciamento total de motos no país no ano passado. Ambas são bastante procuradas como veículo de trabalho, especialmente nos serviços de entrega em domicílio, e modal de deslocamento mais ágil e alternativo ao ônibus e automóvel.
“Quanto mais a compra via on-line se desenvolve, mais a motocicleta é usada para fazer a entrega last mile ou última milha (conceito que consiste na etapa final de entrega do produto na casa do comprador)”, diz Marcello Macedo, diretor-geral da Honda Blokton, maior rede de concessionárias de motos do Paraná.
Aumento no preço dos combustíveis
O executivo vai na mesma linha de previsão da Fenabrave e acrescenta ainda que os aumentos de combustíveis com a reoneração feita pelo governo federal viram gatilho para atrair aquele consumidor que leva o orçamento mensal na ponta do lápis.
O litro da gasolina fica R$ 0,47 mais caro com a volta gradual da cobrança do PIS/Cofins e da Cide. Considerada a redução de R$ 0,13 para as refinarias, anunciada pela Petrobras, o impacto final no valor é de R$ 0,34 por litro. Para o etanol, o acréscimo foi de R$ 0,02 por litro. Esses reajustes mexem com os preços nas bombas.
“Muita gente já tem o automóvel, mas vai deixar de lado e parte para duas rodas como principal meio de transporte, pensando na economia com combustível, além do custo de manutenção e de aquisição bem menor em relação ao automóvel”, avalia.
Na visão de Marcello, alguns consumidores vão começar a fazer cálculos de quanto irão desembolsar com o transporte público ou para abastecer o carro e então perceberão que o valor praticamente vai se encaixar à prestação de uma motocicleta.
“Os valores das parcelas e das taxas de financiamento de uma moto são mais acessíveis do que a de um automóvel”, reforça. Além disso, um modelo de baixa cilindrada faz uma média de 40 km por litro, enquanto a de um carro de entrada gira entre 10 e 13 km por litro.
Tem também aquele consumidor que usa com frequência o transporte público, mas sonha em conquistar a liberdade da “primeira moto” para se locomover. Mesmo com as incertezas econômicas a curto prazo, a expectativa de Marcello Macedo é de um ano com maior concessão de crédito a juros menores para impulsionar a economia, o que favorecerá o maior consumo.
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