Que obra! Que título!

livro

Rogério Fischer (*)

Agora que acabei de ler “Ewald, um alemão”, é o momento certo para dar duplo parabéns a Luiz Carlos Schroeder: pelo título da Copa do Brasil conquistado pelo Atlético-PR – desculpe, irmão, vai sem o h mesmo – e pela extraordinária narrativa da obra em que nos brinda, com riqueza impressionante de detalhes, a relação repleta de afetos com o pai, que ele perdeu aos dez anos de idade.

Narrativa tão extraordinária quanto o drible que Marcelo Cirino aplicou em dois colorados na lateral do campo na decisão de ontem no Gigante da Beira-Rio. Um dos dribles mais bonitos do futebol, que certamente coroou a escolha de Chereda – como amigos comuns o chamam – em torcer para o Furacão da Baixada.

Narrativa tão extraordinária a ponto de levar o leitor a situação absolutamente inusitada, até certo ponto esdrúxula, pelo que de cruel ela carrega. Somos levados a uma torcida macabra para que chegue logo o relato do porquê – e como – aquele pai poderia ter nos deixado tão precocemente.

É uma situação inusitada, sim, esdrúxula, cruel e macabra, sim, e principalmente ambígua, porque sabemos desde o início que Ewald morreria muito cedo – e a narrativa do filho nos leva, idiossincraticamente, a torcer, apaixonadamente, para que isso nunca, jamais, chegue a acontecer. Ficamos nervosamente ansiosos e, ao mesmo tempo, choramos pela mesma expectativa.

Tal qual a performance de ontem de seu time de coração, a obra de Schroeder chega à beira da perfeição em um detalhe: o rigor com o texto que nos é apresentado. Sou daqueles leitores chatos que leem um livro com a caneta pronta para sublinhar um erro de concordância, um erro de digitação, uma falha de padronização qualquer. Assim é que anotei um errinho aqui, outro ali, em grandes escritores, em obras que com certeza passaram por um batalhão de revisores.

No “Alemão” de Schroeder, não há.

O único senão fica por conta de uma frase na 187a das 190 páginas do livro, quando aparece, numa data, o zero antes do sete, 07 de abril de 1968, o que deixaria um revisor como o nosso Montezuma Cruz de cabelos em pé. Tudo bem: chatice como a minha e a do Monte é insignificante diante da montanha de emoções que o autor nos presenteia.

Golaço, Chereda!

(*) Jornalista, palmeirense e exilado temporariamente em terras paulistas.

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