Quase uma sexagenária. Sexy o quê?

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Em casa, como era moda antigamente, meus pais colocaram o nome nos filhos, com as iniciais “ erre e ce “. Então, por ordem de nascimento são Regina Célia, Rui César, Ricardo Celso e eu, Raquel Cristina. O Cristina me salvou por pouco do “Conceição “, já que nasci no dia 08 de setembro, dia da Santa. Sim, na próxima terça-feira faço 59 anos, uma quase sexagenária, de cabelos brancos assumidos, algumas rugas, corpo mais ou menos em ordem, e o mais importante: uma cabeça que nesta altura do campeonato, está melhor do que nunca.

De acordo com a tradição chinesa, o ano do sexagenário começa no ano do nascimento e termina nos 60 anos, e aí se inicia tudo de novo. Ou seja, estou prestes a fazer um restart na minha vida a partir da próximo ano.

O nascimento de Nossa Senhora ou a Natividade de Maria é uma festa litúrgica das Igrejas Católica e Anglicana celebrada no dia 8 de setembro. Também é celebrada pelos cristãos sírios.

De acordo com a tradição, Maria nasceu de pais já velhos e estéreis, chamados Joaquim e Ana, como resposta às suas preces. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade teve como prêmio ter por filha aquela que havia de ser a mãe de Jesus. Num sábado, 8 de setembro do ano 20 A.C nasceu uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em hebraico significa “Senhora da Luz”, passado para o latim como Maria.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição ou Nossa Senhora da Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha (em latim, macula) do Pecado Capital. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus.

A padroeira de Curitiba é Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, portanto, é feriado na cidade. Um feriado todinho em minha homenagem.

Em tempos normais, seria um dia de reunir alguns amigos em torno de uma mesa com comida bem gostosa.

Sempre tive uma frustração em relação a aniversário. Por ser próximo ao feriado da independência, quase nunca consegui comemorar com muita gente. Geralmente era quem não podia viajar no feriado. Então, reunir meia dúzia de gatos pingados nunca foi muito animador. Em 59 anos de existência, nunca tive um festão de fato.

Então, quem sabe no ano que vem eu tenha uma. Morro de vontade de juntar todos os amigos numa grande festança, num lugar bem legal. Sonho de consumo: comemorar num cruzeiro, com o número de convidados de acordo com a idade? É brega? É! Ainda bem que não sou rica.

Apesar do meu aniversário ser num dia santo, os aniversários têm origem pagã relacionada com a magia (as velas simbolizam a ligação com espiritual e proteção) e com a religião, embora no caso do cristianismo este costume estivesse abolido até ao século IV, altura em que a Igreja começou a comemorar o nascimento de Jesus Cristo.

Em casa, faço questão de comemorar o da minha filha, que é exatamente um mês depois do meu. Desde pequena, primeiro as festas duplas: na escolinha e em casa. Mais adulta, as festas foram mais bem planejadas.

Descolada, ela não quis festa de 15 anos em clube social com as amigas. Então, fechamos um pub da cidade, contratamos um DJ e fizemos uma festa à fantasia. Fui de diaba, o pai dela de padre e ela de princesa. Foi memorável. No ano passado, ela ganhou sua primeira festa surpresa. E este ano? Então, esse ano vamos juntar as nossas comemorações com meia dúzia de pessoas da nossa convivência, numa chácara aberta. O cardápio será comida árabe.

Nunca quis tanto comemorar uma data como neste ano.

Agradecer à Nossa Senhora da Conceição, que afinal, também é Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, protetora de Curitiba, dai o feriado na capital.

Agradecer por estar viva e relativamente bem de saúde. Agradecer os cabelos brancos e assumidos, afinal eles estão aqui para contar sobre nossa experiência. Não me acho velha.

Minha mãe, no leito do hospital, aos 82 anos e apaixonada, me disse que a gente só envelhece por fora. “Por dentro ainda sou a mesma menininha”, me disse. Ainda tenho muito gás pela frente. Os cabelos brancos a gente até releva, está na moda assumir, vários grupos na internet dando dicas.

Chato mesmo foi achar o primeiro pentelho branco. Aí sim, me senti uma velha.

Raquel Santana

Já foi jornalista, acha que é fotógrafa, mas nesses tempos de Covid-19 ela só quer sombra e água fresca no aconchego do seu lar. Vendo seriados, óbvio!

Foto:Acervo Pessoal

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