Vamos começar bem do comecinho. H.P. Lovecraft (1890-1937) foi um escritor estadunidense que revolucionou o gênero de terror, acrescentando elementos fantásticos oriundos dos gêneros de fantasia e de ficção científica. Lovecraft era admirador de Edgar Allan Poe e a maioria de seus livros foram inspirados em seus pesadelos recorrentes. O resultado desta salada tremendamente digestiva é um ‘terror cósmico’.
Atualmente ele é considerado um dos escritores mais cultuados, passando a ser, nos últimos anos de nossa década o autor mais revisitado, inclusive pela geração mais jovem. Seu terror cósmico está influenciando muitos filmes, quadrinhos e games. E com essa evidência toda de Lovecraft, tem-se levantado a ponta do tapete persa que esconde muita sujeira, o racismo e a xenofobia exacerbantes na obra do escritor. E a melhor maneira para se abordar o assunto é assistindo a Lovecraft Country, nova série da HBO.
A série é adaptada do livro Território Lovecraft, de Matt Ruff, um escritor americano de suspense, ficção científica e quadrinhos. O livro, um dos mais comentados do ano, traz à vida toda a mitologia de H. P. Lovecraft, mas para contar uma história sobre os horrores da segregação racial dos Estados Unidos dos anos 50.
Aqui vai uma sinopse bem curtinha pra evitar spoilers. Estamos nos Estados Unidos segregacionista da década de 50. O ex-soldado Atticus, interpretado por Jonathan Majors, volta para sua casa em Chicago, reencontra sua amiga de infância Letitia, interpretada magistralmente por Jurnee Smollet-Bell, e seu tio George, Courtney Vance. O trio parte em uma viagem para Ardham à procura do pai de Atticus e, na viagem, se deparam com uma escalada de ódio e violência em meio à opressão social, enquanto mortes estranhas acontecem no meio da noite.
Alguns motivos que tornam a série imperdível; o terror cósmico de H. P. Lovecraft, a produção executiva de J. J. Abrams e Jordan Peele, a roteirista Misha Green, a ambientação de época impecável, a fotografia exuberante, muitos sustos, monstros, casas mal-assombradas, romance, críticas sociais e interpretações incríveis.
Para quem gosta da obra de Lovecraft, para quem gosta de mistério, de ficção científica, de ótima narrativa, de discussões sociais. Série pra lá de relevante no momento atual. Nota 10.
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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