Coxinha ou bolinho de carne?

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Telma Elorza

O LONDRINENSE

-Moça, me vê um real para eu juntar pra comprar um lanche?
– Cara, desculpe, mas não ando com um centavo na carteira.
– Tá osso, dona, ninguém mais tem moeda, todo mundo só usa cartão.
– Pois é, moço, eu também só uso cartão. Mas, se quiser, vamos ali que eu te pago uma coxinha.
– Comida a gente não recusa, dona. Ainda mais coxinha.
– Eu também adoro coxinha. Bora lá. Vou comer uma com você.

– A moça não tem vergonha de ser vista sentada numa mesa aqui comigo?
– Não, por que teria?
– Eu tô sujo, moça. E se não fosse você, a mulher do bar não teria nem deixado eu por o pé aqui a dentro.
– Sujeira um banho tira. Quer outra?
– Se não ficar caro pra você…
– Fica, não. Comida nunca é cara quando se tá com fome. Aprendi isso com meus pais. Coxinha ou bolinho de carne?
– Coxinha.
– Ah, você é dos meus mesmo.

– Brigadão, dona. Fazia um tempão que não sentava numa mesa pra comer.
– Cara, agora posso dar um conselho, de boa? Procura o Centro Pop, lá perto da Rodoviária. Toma um banho, lava sua roupa. Procura ajuda, lá eles podem te orientar. Tenta sair da rua.
– É um bom conselho, dona. Obrigado. Vou pensar. Mas não garanto.
– Tá bom. Mas pensa, tá? Agora vou indo que tenho um mundo de coisa para fazer.
– Na rua a gente não tem esse problema. Deus lhe pague, dona.

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