Raquel Santana (*)
Vendo lojas, feiras e sites de artigos para o Natal, já começa a bater aquele aperto no coração que somente essa época do ano nos traz. Como todos nós um dia já fomos ingênuos e acreditamos em Papai Noel, talvez essas imagens, acredito eu , são puro saudosismo de um tempo em que a única preocupação era ralar o joelho andando de bicicleta.
Não sei explicar, mas parece que o ar fica mais fresco com tantas árvores floridas nesta Primavera com ar de Verão. A luz também incide diferente e aquela sensação de que o ano está acabando, apesar dos tantos dias que faltam para ele terminar, chega com ar de espanto ano após ano. É ver um enfeite de Natal e pá, certeza, está na hora de cortar o peru de Natal.
Quando morei em Londrina, essa era a época em que íamos de férias para casa. Não gostava muito no começo, pois achava as férias de fim de ano longas e morria de saudades da turma. Além disso, morar fora faz com que percamos um pouco do contato com os amigos de nossa cidade de origem. No meu caso, alguns também foram estudar em outra cidade, ou se casaram. Cidade pequena já tem pouca coisa para fazer, sem amigos então, fica difícil.
Com o passar dos semestres, no entanto, os laços entre nós foram se estreitando e teve um ano que resolvemos passar juntos em Londrina, a turma toda na Casa Verde. Claro que a ocasião exigia preparativos especiais. Casa enfeitada com direito à árvore na sala, amigo secreto, bebidas e óbvio, uma ceia no capricho . E como Natal sem peru não é Natal, lá fomos nós ao Com Tour buscar o nosso.
Bicho temperado, pronto para entrar no forno quando alguém teve a brilhante ideia: que tal colocar umas bolas da árvore para assarem juntos? Naquela época os enfeites ainda eram feitos de um fino e cortante vidro. Lá pelas tantas o peru começa a, literalmente , “explodir “ dentro do forno. Sim, as bolas natalinas explodiram todas. Espatifaram. Sucumbiram. Quebraram. Trituraram. Alguém ligou? Claro que não.
Comemos mesmo assim. Todos rezando para chegar até o Ano Novo! Nossa ave explosiva foi devorada até os ossos. Afinal, mais vale um peru no prato, do que voando. Até hoje não consigo ver enfeites natalinos sem cair no riso. E morrer de saudades daquele Natal.
(*) É jornalista radicada em Curitiba mas apaixonada por Londrina