Tenho medo de envelhecer e deixar de ser gostosa

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Por Telma Elorza

“Estou com 36 anos e, de uns tempos para cá, o envelhecimento começou a me assustar. Não sou mais jovem, estou quase entrando nos 40 e ainda não conquistei tudo que queria na vida. Não me casei, não tenho filhos, não tenho o sucesso profissional que almejei e vejo minha beleza ir embora todo dia. Não sou mais gostosa como era aos 20 e está cada dia mais difícil arrumar namorado. Penso em fazer plásticas, mas morro de medo de cirurgias. O que faço da minha vida?

Mas, gente, envelhecer é natural. Por que será que tanta gente tem medo disso? Eu faço 59 anos este mês de abril e estou cada vez mais interessada na vida, em fazer coisas, trabalhar, namorar, curtir o tempo que me resta na Terra. Na minha filosofia de vida é melhor envelhecer porque a alternativa é morrer jovem. E isso ninguém quer, né?

Infelizmente, o medo de envelhecer tem até um nome: gerontofobia, uma síndrome que define aversão ou medo patológico de pessoas idosas ou do processo de envelhecimento. Os sintomas afetam os pensamentos e causam ansiedade. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest, em 2017, revelou que 9 em cada 10 brasileiros têm medo de envelhecer.

E isso é explicável pela pressão que a sociedade contemporânea exerce: hoje, tudo é volátil, passa rápido, muda com uma rapidez incrível e foca na individualidade, no poder, no sucesso. Nessa coisa de valorizar o novo, o urgente, o consumo desenfreado, a velhice e o envelhecimento não são bem vistos. Taí o tal etarismo que não me deixa mentir. Até já escrevi sobre isso numa coluna de Opinião (leia aqui).

Enfim, sofremos pressão de todos os lados para sermos jovens, felizes, bem sucedidos, termos a família perfeita, numa casa própria – de preferência num condomínio – com dois filhos e um cachorro. E isso causa sofrimento em quem acha que falhou.

Mas essa não é a realidade. Não vivemos no mundo perfeito do Instagram, onde tudo é bonito. A vida real é cheia de problemas, dificuldades, desafios. Ninguém é completamente feliz e todo mundo – todos menos quem morre jovem – envelhece.

E, por isso, é preciso descobrir a beleza de cada etapa da vida.

E daí que você está com quase 40 e não conquistou o que sonhou? Enquanto há vida, há esperança. Tem tanta gente que faz sucesso depois dos 40, 50, 60, 70 anos. O que importa é não parar de lutar para realizar os seus sonhos. Não é a idade que vai impedir. O que vai impedir é o medo. É ele que paralisa, que domina os pensamentos, que não deixa as conquistas serem efetivadas.

E daí que não tem mais a beleza dos 20, que a pele está ficando madura e o corpo não tão definido? Entre numa academia, faça um bom skincare, tenha uma alimentação saudável, beba muita água. Há muita beleza verdadeira nos 30, nos 40, nos 50, nos 60, nos 70, nos 80. Não é preciso ser uma mulher “plastificada” para ser bonita, basta não se deixar vencer pelo medo pela perda da beleza da juventude. Cuide de sua autoestima, cuide de você – se necessário faça uma terapia – e vai perceber que perdeu muito tempo se preocupando com bobagens.

Viver é ótimo, envelhecer faz parte. Quando aceitar isso, todas suas perspectivas de vida vão mudar.

Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

Arte: Mirella Fontana

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