Por Telma Elorza
“Descobri recentemente que meu marido tem um caso de meses com minha irmã. Estou abalada emocional e psicologicamente. Por causa disso, ainda não consegui fazer nada. Aliás, não sei o que pensar, o que fazer. Somos casados há 10 anos e ele sempre foi fiel. Estou furiosa com minha irmã e não consigo reagir. Me ajuda?”
Ei, amiga, senta aqui que a conversa é séria. Descobrir uma traição já é um soco no estômago, mas quando envolve duas pessoas que deveriam respeitá-la e amá-la – o marido e a própria irmã – o baque é duplo. Não é à toa que está abalada com a traição dupla. Entendo seu desespero e confusão. Mas bora respirar fundo e organizar as ideias. Neste texto aqui vou tentar lhe ajudar a tomar as rédeas da situação.
O primeiro passo é processar os seus sentimentos. Chorar? Pode. Ficar com raiva? Tá liberado. Sentir que o mundo desmoronou? Normal. Mas não deixa isso a consumir. É essencial processar a dor, seja desabafando com alguém de confiança, escrevendo ou até buscando terapia. Segurar tudo sozinha só vai fazer mal.
Mas entenda bem uma coisa: a culpa é e nunca será sua. É preciso reforçar isso porque a gente tende a se culpar. “Ah, será que eu não fui boa o suficiente?” Esquece essa ideia. A traição é uma escolha consciente de quem a cometeu, e ela reflete o caráter deles, não o seu valor. Você merece respeito e lealdade, ponto. Entendo que está mais furiosa com a sua irmã. Infelizmente, lá no fundo, a gente sempre espera que o homem vá trair alguma vez, mas não espera que isso aconteça dentro da própria família. Mas não tente culpar só ela. Os dois erraram com você, entendeu?
Vamos encarar os fatos
Agora que o choque inicial passou, e você já deu um tempo, é hora de encarar os fatos. Não adianta ficar paralisada, sofrendo, sem tomar alguma atitude. Não sei qual o seu temperamento. Mas me parece que você não é barraqueira. Ótimo. Não é preciso fazer escândalo. Nesse momento, manter a classe é melhor. Chame os dois para uma conversa, se achar que vale a pena. Pergunte o que aconteceu, mas sem esperar justificativa que a console. Eles erraram feio, e isso é sobre eles, não sobre você.
Depois dessa conversa necessária, você precisa decidir. Você quer dar uma chance pro casamento? Está disposta a tentar reconstruir a relação com sua irmã? Ou prefere cortar os dois da sua vida de vez? Não existe resposta certa, só o que faz sentido pra você. O importante é lembrar que você é a protagonista dessa história, e ninguém tem o direito de decidir por você.
Irmã riscada da vida
Mas, sinceramente, eu não perdoaria nenhum deles. Cortaria da minha vida porque o que eles fizeram com você vai ficar com você o resto da sua vida. Mágoa, dor, ressentimentos estarão lá, para sempre. Confiança, uma vez quebrada, não é possível restaurar como nova. Quer mesmo viver perto de pessoas que não confia? Digo, com certeza, que vai ser um inferno. Para você.
Tá doendo? Vai doer, sim. E por algum tempo vai continuar doendo. Mas se distanciar dessas duas pessoas é fundamental. Bloqueia no WhatsApp, redes sociais, onde for. Alivie sua mente, respire e evite que essa confusão toda continue a machucando.
Ah, e não deixe o resto da família interferir nas suas decisões. Não se deixe dobrar por frases do tipo “ah, família é importante”, “o sangue é mais forte”, “sua irmã merece seu perdão”, “ela errou, mas está arrependida”, “seja superior e perdoe”. Gente tóxica – como sua irmã provou ser – merece ser excluída da sua vida. E se o restante da família não aceitar, corte eles também da sua vida. Não deixe que eles a façam sentir culpada por não querer mais nem ver sua irmã.
Reconstrua sua autoestima
Uma traição desse tipo pode abalar sua confiança, mas não deixe isso a definir. Cuide de você, faça coisas que ama, explore novos hobbies e redes sociais saudáveis. Isso não é sobre se vingar, é sobre lembrar o quão incrível você é. Terapia pode lhe ajudar nesse momento, viu? Procure um psicólogo para tenntar organizar os pensamentos, lidar com a dor e planejar os próximos passos. Não é fraqueza pedir ajuda, é coragem.
Se você decidir que não tem volta e decidir se divorciar, é bom procurar uma orientação jurídica, principalmente se esse casamento envolver bens, filhos ou algo mais complexo. Um bom advogado do Direito de Família a ajudará, com certeza. E não veja isso como algo banal, neste momento. Não dá para deixar o emocional apagar o racional nessas horas. É preciso garantir todos seus direitos.
Sim, eu sei que o presente está uma bagunça, mas o futuro é um livro em branco. Vai ser difícil no começo, mas com o tempo, a dor vira aprendizado, e você vai sair mais forte dessa história.
Lembre-se: você não está sozinha. Cercar-se de amigos verdadeiros, procurar ajuda profissional – terapeuta e advogado – e reconstruir sua vida é essencial. Sua força está aí dentro, só esperando o momento certo para brilhar. E, amiga, vai por mim: você merece muito mais do que isso.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
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