Tenho 50 anos e estou bem sozinha, mas as amigas insistem que devo namorar

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Por Telma Elorza

“Tenho 50 anos, estou divorciada há mais de 15 anos. Neste período, tive alguns namorados e algumas propostas de casamento. Mas nunca quis me envolver seriamente de novo. Quando entrou a pandemia, parei até de casinhos e não quis namorar de novo. Estou há quatro anos sozinha, mas sinto cobrança das minhas amigas para “arrumar” alguém. Elas, como a música, dizem que é impossível ser feliz sozinha. Mas estou satisfeita com minha vida. Como faço para elas entenderem que não preciso de alguém para ser completa?”

Amiga, eu te entendo e muito. Tô na mesma fase e felizona. Muita paz e sossego, sozinha na minha casinha, sem querer me preocupar com outra pessoa, além de mim. Egoísmo? Não, maturidade. Há muito tempo parei de querer ter alguém do meu lado só para constar.

Embora o mundo insista em dizer que é preciso ter alguém ao lado para ser feliz, eu acho bobagem. E acho que você concorda comigo. Pra que procurar sarna para se coçar, como diria minha vó, se essa paz interior é tão boa? Para mim, isso é felicidade.

Mas como você pediu minha ajuda para convencer suas amigas para que elas parem de encher o saco (embora seja difícil convencer quem acredita piamente que só é feliz com alguém), vou dar alguns argumentos para você explicar para suas amigas o porque de não precisar de alguém do seu lado.

O primeiro dele é o mais óbvio: Relacionamentos não são fáceis. Todo mundo concorda com isso. É preciso abrir mão de muita coisa – de ambos os lados – para manter um relacionamento saudável.

Só que, na prática, não é isso que acontece. A mulher quase sempre tem que ceder sozinha para “manter a paz”. É ela quem acaba abrindo mão de sonhos, de expectativas e de oportunidades, sempre que algo choca com os sonhos, expectativas e oportunidades da cara metade.

Tô mentindo?

Quem abre mão da promoção do emprego porque vai atrapalhar a vida doméstica e tirar o companheiro de sua zona de conforto?

Quem vai ser a responsável pelo bom andamento doméstico? Muitos companheiros apenas “ajudam” no serviço, embora o correto seria dividir igualmente as tarefas. Porém, na maioria dos casos, o grosso do trabalho acaba sobrando para a mulher.

Por que você deve abrir mão da sua liberdade de se realizar profissionalmente, por exemplo, para ser a “segunda” (quando der sorte) na escala das prioridades?

Segundo ponto: estar sozinha é oportunidade para se autodesenvolver e focar em si mesmo sem culpa. Estudos apontam que a solidão por escolha é uma ótima oportunidade para se conectar a si mesmo, escapar de uma sobrecarga sensorial (que todo relacionamento traz), estimular a criatividade e calma. Quer coisa melhor? Eu penso em todas as vezes que me estressei com meu ex-marido e meus ex-namorados, faço um balanço e vejo que estou bem melhor na calma que conquistei, nos trabalhos que desenvolvo e, principalmente no meu autoconhecimento. Eu me vejo agora com meus olhos e não pelo olhar de outro. Geralmente crítico. Estou livre de pressão externas.

Sozinha, mas ativa sexualmente

Terceiro (e muito importante) ponto: sexo. Com certeza, suas amigas vão perguntar sobre a falta de sexo. Se você não quer alguém para satisfazer suas necessidades sexuais. Mas deixe claro para elas que, como diz aquele velho ditado popular, não é preciso comprar o porco para comer a linguiça. HO!

Hoje, nós, mulheres sozinhas – e portanto que bancam suas despesas e não têm que dar satisfação para ninguém -, podemos muito bem nos virarmos com relações casuais (aplicativos como Tinder, por exemplo, podem rendar vários dessas relações, sem precisar repetir nenhum), contratar um garoto de programa (que vai realizar todos os seus desejos secretos) ou ainda escolher brinquedinhos em sex shops. Escolher ficar sozinha não significa levar uma vida de abstinência sexual (embora essa também seja uma opção, mas eu não recomendo).

Enfim, com esses três argumentos, você pode tentar convencer suas amigas que realmente não está interessada em relacionamentos apenas para se apresentar para a sociedade como uma mulher comprometida. É lógico que, se aparecer alguém que realmente a complete e não tire sua paz, talvez você mude de ideia. Mas até lá, curta sua solidão na boa.

Espero ter ajudado.

Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande suas perguntas para telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma

Escolher ficar sozinha pode ser muito mais prazeroso que ter alguém só por ter. As mulheres estão descobrindo esse prazer,
Tia Telma versão Inteligência Artificial

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

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Arte: Mirella Fontana

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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