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Universo da Frida Kahlo

Por Chantal Manoncourt

Além das aparências é o tema escolhido para descobrir a vida íntima da artista mexicana Frida Kahlo. Um ícone incontornável do século XX, uma soberba exposição é lhe dedicada no Palais Galliera, museu da moda em Paris.

Reconhecida por sua sobrancelha única e seus trajes tradicionais mexicanos, Frida Kahlo é uma pintora essencial cuja história terá marcado os espíritos. Nascida em 1907 na casa de seus pais, a Casa Azul, na Cidade do México, ela contraiu poliomielite aos 6 anos e ficou com uma perna mais curta que a outra. Foi nessa época que ela começou a usar saias longas para esconder a perna. Aos 17 anos, ela foi vítima de um acidente de ônibus que a feriu gravemente. Após essa provação, ela desperta sua alma artística: “Não estou morta e tenho uma razão para viver. Esse motivo é a pintura”, declarou.

Foi assim que ela começou sua carreira como artista e como a lenda de Frida Kahlo foi forjada. Ela usa sua deficiência e não hesita em pintar em seus espartilhos. Além de seu trabalho, seu compromisso em particular com a causa feminista, sua relação com sua deficiência e essa identidade mexicana assertiva a impulsionaram ao posto de ícone. Esta retrospectiva em parceria com o Museo Frida Kahlo revela mais de 200 peças, lacradas há cinquenta anos, que os visitantes poderão descobrir pela primeira vez na França. Objetos que vêm da Casa Azul, a casa onde ela morava com o marido Diego Rivera, morreram ali e na qual ela descansa até hoje. Fotos, próteses, espartilhos, colares e algumas pinturas bem coloridas contam a história de sua vida.

Nesta exposição não se trata das suas obras mas sim da forma como compôs a sua identidade de mulher e de artista, tendo como ponto de partida o seu guarda-roupa. Muitas vitrines exibem as roupas tradicionais mexicanas que ela usou durante toda a vida. Ela se identificou particularmente com as mulheres e a cultura matriarcal de Tehuantepec. adotando suas blusas bordadas, suas saias longas, seus penteados entrelaçados de flores e fitas, bem como seus rebozos (xales tecidos) em uma fascinante interpretação pessoal da mexicanidade.

Frida Kahlo deixa o México pela primeira vez, logo após o casamento, quando acompanha Diego Rivera à “Gringolândia”, como apelidou os Estados Unidos. Em São Francisco, fotografada por grandes fotógrafos, ela moldou seu estilo tehuana único e começou a pintar com mais seriedade.

Após sua estreia em Nova York, Frida Kahlo foi convidada por André Breton, o escritor surrealista, para expor seu trabalho em Paris em 1939. A Galeria Renou et Colle organizou uma exposição coletiva intitulada México, onde foram apresentados dezoito de seus trabalhos. Frida Kahlo é calorosamente recebida por muitos artistas renomados presentes na abertura. France adquire seu auto-retrato The Frame, uma estreia para um artista mexicano. Frida também gosta de passar o tempo com Dora Maar, a companheira de Picasso, explorando Paris, seus mercados de pulga e sua moda. Hoje é Paris que lhe presta homenagem.

Serviço: Frida Kalho, Palais Galliera, Museu da Moda até 5 de março de 2023

Fotos: © Museo Frida Kahlo – Casa Azul collection – Javier Hinojosa 2017 ; Diego Rivera and Frida Kahlo archives. 

Chantal Manoncourt

Parisiense, arqueóloga e jornalista, apaixonada pelo Brasil, já escreveu vários livros sobre turismo brasileiro.

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3 Comentários

  1. Eu brasileira morando na Inglaterra, quero dar os parabéns para a jornalista Chantal
    Manoncourt e jornal Londrinse pelas reportagens da conexão Europa que são de altíssimo nível e espetaculares.

  2. Parabéns Chantal!!
    Ler o que você escreveu foi como assistir um filme!!!
    Sinto que agora conheço Frida Kahlo; uma mulher extraordinária com muita audácia e talento!

  3. Parabéns Chantal!!
    Ler o que você escreveu foi como assistir um filme!!!
    Sinto que agora conheço Frida Kahlo; uma mulher extraordinária com muita audácia e talento!

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