Por Rogério Rigoni
Sabe aquele dia, que você tem tudo para escrever a matéria e um monte de banda foda, para tocar no programa e a “parada” não desenrola? Pois é… estou assim!
Do nada, veio a lembrança do show do Sepultura em Londrina, no ano de 1991.
Eu e Claudinei, amigo antigo, lá dos tempos do colégio Nossa Senhora de Lourdes, o famoso “Lourdão”, fomos nesse show.
Quem trouxe o Sepultura para Londrina foi a Folha FM e os ingressos foram vendidos na já extinta Footloose Discos, que ficava na rua Sergipe. Quem abriu o show foi a banda londrinense Convulsão. O show foi realizado no ginásio Moringão.
Antes do show, tinha que ter aquele “aquece” da mente, isso era de lei. Estávamos só com a grana do “buzão” e mais uns trocados. Na padaria, deu para comprar uma lata de refrigerante e o primeiro corote de pinga que eu vi na minha vida! Uma cachaça do inferno chamada Javá! Subimos no ônibus e já fizemos nossa cuba de pobre. Enquanto tinha refrigerante para misturar estava beleza, mas quando acabou… aquele demônio engarrafado ficou impossível de beber. Jogar fora não estava nos planos, então resolvemos presentear alguém com “aquilo”. Toda pessoa que a gente oferecia, cheirava a pinga, olhava para nós e falava “Cê tá loco que eu vou tomar essa porra!” Demorou, mas achamos alguém corajoso para tomar a pinga do capeta.
Lembrando disso tudo, veio na mente a mesma pergunta que me fiz no dia: “Cara, a Folha FM que está trazendo os caras?” Sepultura nunca tocou nessa rádio! Só quem era fã mesmo, conhecia a banda e o estilo musical. Nem todo mundo gosta de Thrash Metal, alguém que não sabia o que o Sepultura representava e fosse no show, não iria sair de lá muito feliz. Não deu outra!
Em todo canto, sempre tem um desavisado. Manja o maluco que pula de paraquedas e não sabe onde vai cair? Então… Lembro que no outro dia eu estava ouvindo a rádio e uma ouvinte entrou no ar. O locutor perguntou se ela tinha ido ao show, ela tinha e estava muito puta da cara! Falou que foi o pior show que a rádio tinha trazido, que aquilo não era música e que não tinha entendido nada, enfim… Essa caiu bem longe da onde tinha planejado. Agora convenhamos: Você vai em um show que a banda chama Sepultura, no cartaz uns quatro cabeludos, tatuados… Você vai esperar o que? Música de amorzinho, para dançar agarradinho? Vou vender uma informação pelo preço que comprei: A banda foi no Shopping Catuaí, eles estavam na praça de alimentação e depois de um tempo, os seguranças pediram para eles se retirarem, pois estavam chamando muita atenção! É mole uma merda dessa?
Apesar dos desavisados, curiosos, punks e headbangers terem se misturando no Thrash do Sepultura, não teve nenhuma treta, foi tudo na paz e na pinga… Dois “pusta” show foda! O Convulsão mandou seu recado, o Sepultura também. Infelizmente não tinha tanta gente, o famoso “meião” estava só metade cheio, o que para mim foi massa! Assisti nas cordas, de frente para o palco. Louco de Javá!
Depois que o show acabou, eu e o Claudinei ficamos no ginásio, na esperança de entrar no camarim conhecer os caras, mas infelizmente não deu certo. O que rolou foi que o Paulão Rock and Roll (figura lendária) saiu do camarim e veio para o canto do palco onde a gente estava. Conversamos sobre público e show, que não tinha tanta gente… Paulão comentou que os caras falaram de voltar para Londrina e fazer um show aberto e de graça. Mas isso não aconteceu, a banda cresceu demais fora do Brasil, principalmente na Europa. lógico que os caras se mudaram para lá.
Quem é que vai ficar em um país, onde o próprio não te dá valor? Nesse Brasil que eu vivo, nem todos, mas a grande maioria só quer dinheiro e poder para pisar nos outros. Um país onde uma grande parte se acha tão esperta, acima da média, mas vive em um buraco, onde os governantes jogam migalhas para você SOBREVIVER. Um país de trigésimo mundo e descendo! Um país onde criam-se políticos como animal estimação. País que precisa de mitos e celebridades para se espelhar. País sem identidade própria. País tosco de povo comandado, pequenas marionetes no grande palco da fome e da miséria. País onde a maioria do povo brasileiro é igual LOMBRIGA: SE SAIR DA MERDA, MORRE!
Bora pro Rock!
Rogerio Rigoni
Foi comerciante a vida toda, se rebelou e assumiu seu lado de escultor. A música que sempre foi sua paixão! Rock and roll na vida e na arte!
Foto: Reprodução da Internet