Por Rogério Rigoni
Fala, meninas e meninos do ROCK!
Semana passada, entrei numas de ouvir músicas de quando eu era um cara cambaleante e maldito. Foram tantas bandas que me moveram nessa estrada cheia de altos e baixos, tantos relacionamentos errados, que era impossível chegar onde era e foi sempre o meu lugar. Ao lado dela.
Cada música que eu ouvia, lembrava de um erro, uma atitude inconsequente, um sim que deveria ser não, um sorriso que na verdade tinha que ser lágrimas. Um altar e dois cartórios, onde as alegrias eram um disfarce para a dor e o vazio que eu sentia por dentro.
Tantos bares, becos, escadarias, latas amassadas, pratos sujos e uma alma totalmente em pedaços. Colegas disfarçados de amigos e dois parentes que só vinham em casa para sair vendo duendes num dia de sol.
Eram tantos passos para trás, para o lado e vários tombos de deixar quebrado até o aço. Nada era arco-íris e sim uma tormenta bem no meio do meu cérebro.
Já dormi no meio do salão de festas, na rampa do bar, no gramado na frente da prefeitura. Já me perdi na favela, comprei do cara errado e só veio porcaria. Achei e ganhei dinheiro, ganhei tanto, que me perdi na poeira.
Já devo ter tropeçado na sua frente e nem lembro, ter te magoado e sai rindo, fiquei te devendo?
Já ferrei com a vida de muita gente, já ferraram muito com minha vida. O banheiro costumava ser minha igreja, onde eu ajoelhava e não conseguia mais ficar em pé. Pensei até que Deus já não me dava mais ouvidos e os anjos bateram suas asas para longe de mim.
Meu estômago doía, minha cabeça não funcionava nem nas noites de inverno. Tinha sempre uma embriaguês escondida atrás da geladeira, no armário. Sempre perdia um saquinho plástico que costumava ser meu amigo.
Fui de um lado a outro do estado, fazendo merda, destruindo o sonho de alguém, sendo seu pesadelo de olhos abertos, eu queria uma revanche, eu queria perder a batalha, morrer na guerra.
Uma vez minha mãe me chamou de escravo, ela tinha razão…
Passei um ano em claro, eu virei um papel de jornal onde estava escrito: Você não merece!
Eu chorava e gritava, eu tentava clínicas, auto-ajuda, milagres e um Natal cheio de panetones.
Caminhava na escuridão com todos os postes apagados, dançava na ponta da faca que me rasgava, pedaço por pedaço, bem devagar. Flertava com o nada o tempo todo. Eu era um ponto bem distante dos meus olhos, uma vírgula pronta para cair da frase. Andava com a imagem de Nossa Senhora nos braços depois de passar a noite inteira dando trabalho para o meu nariz. Eu era um saco de lixo ao vento.
Escrevia tanta depressão no meu antigo Facebook que as pessoas me bloqueavam, era uma tristeza dentro da própria tristeza. Meus olhos sempre me mostravam a dor que eu deveria seguir, nada impedia minhas lágrimas de caírem… Se eu pudesse voltar no tempo, eu FARIA tudo diferente, escutando as mesmas canções.
BORA PRO ROCK!
Rogério Rigoni

Foi comerciante a vida toda, se rebelou e assumiu seu lado de escultor. A música que sempre foi sua paixão! Rock and roll na vida e na arte!
Foto: Acervo Pessoal