De onde viemos? Para onde vamos? Quem somos? Essas são algumas das grandes e principais questões da humanidade e que, infelizmente, não sabemos com certeza a resposta. E nem vamos saber. Desculpa aí jogar um balde de água fria na pretensão que o ser humano tem de encontrar respostas e buscar resultados, quando na realidade são as perguntas que nos movem como sociedade.
A teoria criacionista, herança da tradição cristã, é hoje das mais aceitas pelo senso comum: acreditamos que Deus (ou um ser superior) criou o homem e todas as coisas. E essa crença não necessariamente exclui outra grande e conflituosa forma de enxergar as coisas: o evolucionismo. Na época de Charles Darwin, pouco mais de 100 anos atrás, a polêmica foi enorme, principalmente com a religião. Hoje, entretanto, há correntes que entendem ser o sopro divino a origem de tudo e a forma como Deus fez a humanidade algo semelhante ao que teorizou Darwin, já que a narrativa bíblica é metafórica.
Enfim, o objetivo deste texto é outro. Para tanto, precisamos voltar à Grécia Antiga. Mais de 2,5 mil anos atrás, os gregos acreditavam que os deuses eram a origem de tudo, incluindo a da vida. Mas, pouco a pouco, esses mitos foram desmistificados porque os gregos desenvolveram a navegação e tiveram contato com outras culturas, criaram a escrita alfabética e passaram a fazer as trocas comerciais com moedas, entre outros aspectos, e tudo isso foi importante para que eles percebessem que as atribuições divinas agora podem ser humanas e racionais.
Nesse sentido e contexto é que surgiu a filosofia e os primeiros filósofos (chamados de pré-socráticos) se debruçaram em entender racionalmente a origem de tudo, ou o arché (princípio das coisas) e a physis (natureza/essência das coisas). Para cada um deles a origem da vida estava em um elemento natural, por isso também eram conhecidos como filósofos da natureza: Tales de Mileto (água), Anaximandro (ápeiro, que significa algo infinito), Anaxímenes (ar), Heráclito (devir, que é o vir a ser), Pitágoras (números), Xenófanes (terra), Parmênides (o ser, aquilo que é) e Demócrito (átomo).
Não importa necessariamente para nós hoje o que cada um desses filósofos pré-socráticos pensava. Com eles, aprendemos que diante de uma quebra de paradigmas como foi a descrença gradual da mitologia, é preciso buscar outras formas de pensar o mundo. Nessa nossa contemporaneidade, vivemos isso o tempo todo: na família, na religião, na sociedade como um todo. O importante é não deixar a peteca cair, mas, sobretudo, questionar. Porque, afinal, são as perguntas que movem o mundo, já que as respostas, por mais que as consideremos verdades absolutas, podem desaparecer de um dia para o outro.
Foto: Pixabay
Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.