Por Fábio Luporini
Quando Angela Merkel ascendeu ao poder na Alemanha, em 2005, o mundo não imaginava que 16 anos depois ela deixaria o governo como a mulher mais poderosa do planeta. A primeira a comandar o país conquistou um protagonismo local, regional, europeu e mundial. E, ao olhar o legado que deixa, só temos uma coisa a pedir: mais mulheres no comando dos países, das empresas, das famílias. Em pleno século XXI, é preciso, sim, dar mais espaço a elas!
O filósofo Platão, mais de 2,5 mil anos atrás e numa sociedade marcada pelo protagonismo masculino, já defendia que era necessário incluir as mulheres nas decisões da pólis. Naquela época, elas não eram consideradas cidadãs, mesmo no apogeu grego, exemplo máximo de democracia e de liberdade. Ao contrário, cidadãos eram os homens, dentro de uma faixa etária nem tão jovem nem tão velha, livres (não escravos) e com uma determinada riqueza. Eram eles quem podiam discursar no areópago, uma espécie de tribunal ateniense, e tomar as decisões políticas.
Mas, na contramão do pensamento grego, Platão defendia que as mulheres eram tão capazes da administração pública quando os homens. O seu pensamento acerca da educação na pólis levava em conta que todos entrariam num ensino oferecido pelo Estado. E, com o tempo, cada um se mostraria apto a uma determinada função, desde a produção material da cidade (alimentos, por exemplo) até a defesa da cidade (guerreiros). E isso incluía as mulheres. Por fim, alguns seriam direcionados para serem formados a governar a cidade. São os sábios, os filósofos. E, mais uma vez, as mulheres estão incluídas.
Platão era uma voz diferente entre tantas que defendiam o contrário. E faria diferença se vivesse no mundo de hoje que, embora melhor que antes, ainda tem um longo percurso pela frente. Já pensou Platão ao lado de personalidades como a pequena ativista sueca Greta Thunberg? Ou ao lado de Luiza Trajano, por exemplo. Mas, não apenas personalidades socioeconômicas. A cantora Anitta também é uma mulher influente. O importante é que o mundo entenda que necessita de mais mulheres ocupando espaços de discussão e de decisão.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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