Nos tempos dos prints, a filosofia continua sendo a maior esperança!

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Alguns homens presos por correntes viviam no interior de uma caverna onde só conseguiam enxergar as sombras projetadas na parede. Eram objetos refletidos pela luz do sol, do lado de fora, ou por uma fogueira, acesa do lado de dentro. Até que um deles consegue se desprender e fazer o percurso da saída do local, quando descobre, maravilhado, um mundo real totalmente diferente do que enxergava com seus amigos. Então, ele volta e conta a novidade para os outros, que não acreditam! Esse é o resumo do Mito da Caverna, elaborado pelo filósofo clássico Platão, para explicar a diferença do mundo da verdade para o mundo das cópias.

E se o “homem da caverna” tivesse um celular e pudesse registrar em imagens o que viu lá fora? Digo para você: de nada adiantaria. Os homens no interior da caverna continuariam a crer nas mentiras que viam. Simplesmente porque a ignorância não depende do que vimos ou ouvimos. Depende de nós. Hoje em dia, em pleno século XXI, vivemos num mundo completamente tecnológico: conseguimos captar em áudio e imagem a realidade que nos cerca. Mas, ainda não conseguimos vencer a ignorância das fake news, das mentiras, das crenças estúpidas. Mesmo com tanto avanço tecnocientífico. Por que?

Parte da razão está em como contamos a verdade: se por inteira ou pela metade. Se distorcemos os fatos ou se persuadimos nossos interlocutores. Como faziam os sofistas, filósofos especialistas na arte da persuasão, que ensinavam seus alunos a convencerem os outros do que estavam falando. A ignorância das fake news faz sucesso porque a retórica é absorvida sem questionar. E porque, muitas vezes – aí está a outra razão do porquê –, as mentiras contadas coincidem com o que a gente quer acreditar, com alguns princípios distorcidos.

E não há foto, vídeo ou print capaz de desmentir uma ignorância cristalizada, infelizmente. Mesmo assim, a gente precisa continuar a ser luz no meio da escuridão do interior das várias cavernas por aí. E a filosofia, que resistiu aos tempos medievais mais sombrios, sempre é uma luz de esperança.

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Jeremy Bishop no Pexels

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