Liberem o topless: não se incomodem com o seio alheio!

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Por Fábio Luporini

É hipócrita e doente uma sociedade que proíbe o topless numa praia e o libera na avenida carnavalesca. Ou que repreende a mulher sem camisa, mas, permite e tolera o homem de peitoral à mostra. Dá vergonha de um Brasil falso moralista que se incomoda com o seio alheio exposto, mas, ao mesmo tempo, incentiva os meninos adolescentes a frequentarem casas de prostituição. Uma prática moralista não combina com uma prática imoral.

Dias atrás, uma mulher detida e algemada por algumas horas foi destaque em rede nacional depois de receber um tratamento exagerado por parte da autoridade policial. E reacendeu as reflexões sobre a prática do topless que, aliás, não tem qualquer previsão legal ou ilegal. O que se utiliza para interpretar é o artigo 233 do Código Penal, que prevê detenção de três meses a um ano ou multa para a prática de ato obsceno. Entretanto, o mesmo artigo jamais cita o topless como uma prática obscena.

Ou seja, essa é uma interpretação machista provavelmente de um policial homem. Afinal, não há nada na letra da lei que proíba uma mulher de expor livremente seu corpo, seja para seu próprio lazer, seja para protesto. Esse caso me lembrou das tantas notícias que lemos de mulheres que foram repreendidas, multadas ou autuadas por usarem roupas “indecentes demais” ou demasiadamente curtas. Ao contrário, não se vê em manchetes homens que foram repreendidos ou autuados por estarem sem camisa ou com roupas curtas demais.

Então, se quisermos nos desenvolver enquanto sociedade, precisamos deixar para trás a preocupação em monitorar a vida do outro naquilo que não faz diferença alguma na minha. Alguns anos atrás, na Europa, vi mulheres de todas as idades fazendo topless em uma praia da Espanha. Ninguém se incomodou. Era como se aquilo fosse normal. E era. E deve ser. Portanto, é preciso normalizar o topless e o respeito à mulher e ao direito dela de fazer o que quiser com seu próprio corpo.

Para refletirmos, é engraçado que a gente ouve argumentos do tipo “o corpo é meu, a liberdade é minha e, por isso, não vou me vacinar…”, mas, ao mesmo tempo, esse mesmo fundamento não existe quando grupos defendem a criminalização do aborto. Ué, o corpo não é da mulher e, por isso, ela faz o que ela quer?

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Pexels

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