Indiferença. É um estado de tranquilidade em relação às situações. Pode ser também a falta de interesse, de atenção, de cuidado, de consideração. Desprendimento ou descaso. Desdém. Sentimentos que permeiam as relações humanas hoje em dia. E cada vez mais caracterizam o que um sente pelo outro. É como se fôssemos extremamente individualistas, mas, vivendo em sociedade. Meio incoerente, não? Afinal, o que nos impede de conhecer o outro? De se dispor ao outro? De enxergar o outro?
Pode ser que seja pura e simplesmente a indiferença. Talvez sejam outros motivos. Sócrates, filósofo grego dos mais importantes, diria que, antes, é preciso conhecer a si mesmo. Sua expressão famosa “conhece-te a ti mesmo” tem um quê de significado nesse sentido. Afinal, como amar o outro, por exemplo, sem amar a si próprio? Ninguém oferece aquilo que não tem. E o conhecimento da verdade também entra nesse aspecto.
Até porque muito do que encontramos nos outros também está em nós. E, aprendendo e sabendo lidar com essas características, algumas boas outras nem tanto, consequentemente acabamos criando experiência para compreender as outras pessoas. A vida pode não ser mais fácil. Entretanto, torna-se menos complicada. Esse é um processo, às vezes demorado, embora necessário. Aliás, é uma jornada que não tem fim, para os mais sábios, já que estamos aprendendo o tempo todo.
Já o contemporâneo Zygmunt Bauman, polonês, poderia explicar essa realidade pela superficialidade das relações humanas, caracterizadas por serem líquidas nesses tempos em que vivemos. E aí a indiferença seria uma das características principais desse retrato. Afinal, as pessoas estão habituadas a excluírem, deletarem, bloquearem umas às outras, mas não estão nem um pouco acostumadas a ajudar umas às outras. Triste verdade. De acordo com ele, as relações, as amizades, a própria vida são líquidas porque escorrem. Não duram, não têm constância. Alguém aí já teve (ou tem) alguma amizade assim?
O remédio pra isso? Mudar a sociedade. Demora? Sim, mas, é preciso começar por algum lugar.
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Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.