“Os comunistas estão no topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras. Eles são os donos dos jornais, eles são os donos das grandes empresas, eles são os donos dos monopólios”, Abraham Weintraub, economista e novo (o segundo) ministro da Educação do Brasil em três meses do governo de Jair Bolsonaro.
A Dica Filosófica de hoje é, verdadeiramente, uma dica, especialmente ao novo ministro da Educação: deixe de passar vergonha. Eu nunca vi tamanha besteira ser dita por alguém tão sem noção e sem conhecimento básico num alto escalão brasileiro. E olha que o nível de bobagens ditas já havia chegado ao topo máximo dos cargos da República, anteriormente.
Vamos aos fatos teóricos: os burgueses, que eram os comerciantes medievais, deixaram os burgos (pequenas cidades muradas) com a decadência da Idade Média. Foram para as cidades e, lá, continuaram a fazer o que sabiam: comercializar. Pouco a pouco passaram a investir o dinheiro em melhorias na produção, até criarem as primeiras fábricas e indústrias, deixando de ser comerciantes para serem proprietários e donos dos meios de produção. Isso, na esfera econômica. No âmbito político, assumiram as rédeas do governo.
O processo todo se fermentou ao longo de décadas e culminou com o que chamamos de Revolução Industrial, acentuando a diferença entre os patrões e os empregados, que em parte também vieram do campo medieval para virarem trabalhadores urbanos. Desigualdade, exploração, baixos salários: uma realidade do mundo moderno. Que fez surgir uma teria crítica do capitalismo: o socialismo utópico de Karl Marx e Friederich Engels.
O resto já sabemos: Marx imagina uma sociedade fundamentada naquilo que é comum, por isso comunismo (propriedade pública ou social dos meios de produção, e não mais privada), em vez de estar baseada na diferença de capital (capitalismo). Por isso, comunista é aquele que defende a não propriedade privada nem particular de fábricas, indústrias, máquinas, equipamentos e terras. Essencialmente, comunista não é dono de organizações financeiras, de jornais, de grandes empresas ou monopólios.
Mas, parece que falta ao novo ministro a clareza e a lucidez de quem se dá ao trabalho de, ao menos, entender do que se está falando. Se é assim num simples discurso, o que esperar do comando no ministério da Educação? Mais confusões ou tempos sombrios? Eu, sinceramente, espero que seja um tempo breve.
Foto: Rafael Carvalho/Divulgação Casa Civil
Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
Respostas de 2
Valeu Fábio, bela dica. Esperamos que chegue até ele e ele compreenda.
Tempos estranhos em que não se pesquisa mais, só se afirma e pronto.
O mais grave é que o ministro se baseou numa manifestação de Hitler, substituindo ‘judeus’ por ‘comunistas’.
E nem deu o crédito.