O complexo de Édipo foi descrito por Freud para explicar a fase “confusa” que os meninos passam entre dois anos e meio até aproximadamente quatro anos. Nessa fase, ele desenvolve uma paixão pela mãe. Pode estar ligado à frustração ao desmame ou mesmo outros motivos psicológicos. Mas geralmente o menino quer disputar a atenção da mãe com o pai, tem ciúmes e confunde o papel de filho, querendo ser namorado ou “marido” da figura materna.
As meninas podem desenvolver a mesma coisa com o pai. É uma comportamento completamente normal e não deve causar problemas desde que a criança, a partir dos quatro anos, entenda o papel dos pais e dele próprio na família – como filho. Depois disso, se a criança continuar a confundir o relacionamento pode ser um sinal de alerta.
Eu tenho dois meninos em casa. Rafa com dois anos e meio falava que ele que era meu namorado, e não o pai dele. Várias vezes quando viu meu marido me abraçando se enfiava no meio e gritava “sai!”. Ele falava que me amava e queria casar comigo. Imagina um bebê gordo, fofo, com cara de anjo te pedindo em casamento? Era a coisa mais lindinha do mundo!
Mas o comportamento não deve ser reforçado e nem ignorado. Nunca fale nem de brincadeira que você é namorada do seu filho ou que irá casar com ele quando ele crescer. Pode ser bonitinho, mas o correto é você explicar para a criança que quando ela crescer poderá namorar ou casar, mas que isso é coisa de adulto e que você, por ser mãe/pai da criança não poderá fazer esse papel. Por mais fofo e inocente que seja, nunca reforce esse comportamento.
Acho que um dos motivos principais que o Rafael começou a falar que eu que seria a namorada dele foi quando descobriu que, geralmente, quando os filhos crescem, não moram mais com os pais. Assim que ele entendeu que os avós dele eram meus pais, que um dia eu morei com eles e depois saí de casa, casei e tinha uma vida independente, começou a falar que casaria comigo, para continuar sempre na minha casa.
É um motivo comum. A criança tem medo do abandono, então acha que a solução é simples: se eu casar com minha mãe, sempre estarei com ela. Por isso, deve ser sempre explicado que você será mãe sempre e que, mesmo que ele case ou saia de casa, vocês continuarão sendo família.
Depois que o mais velho sossegou com essa história de casar comigo o menor começou… haja paciência para explicar tudo de novo! Ainda bem que eles não tiveram essa fase ao mesmo tempo!
Foto: VisualHunt
Paula Barbosa Ocanha

Jornalista, casada, trinta e poucos anos, dois filhos e apaixonada por educação infantil. Mesmo antes de casar, eu lia e me interessava por técnicas de educação, livros de pedagogia e questões sobre o desenvolvimento humano, principalmente na primeira infância. Com essa coluna, gostaria de relatar minhas experiências pessoais. E assim espero lhe ajudar, de alguma forma, a passar mais facilmente por essa linda (e assustadora) jornada da maternidade! Vem comigo e me siga também no Instagram @mamaepata