Por Fábio Luporini
A morte é um processo tão inevitável quanto natural. O pensamento é da filosofia epicurista, fundada no pensamento de Epicuro (341-271 a.C.), para quem o fim da vida não tem qualquer significado. Diferentemente do que acreditava, por exemplo, Platão (428-347 a.C.), cuja filosofia pressupõe a existência de um mundo além do material, chamado por ele de mundo inteligível, habitat da alma e da essência das coisas. Esse foi um dos argumentos que fundamentou a tese cristã agostiniana, para justificar a existência da vida eterna.
Semana passada a Igreja Católica celebrou o Dia de Finados, um dia de oração pelos entes queridos já falecidos. Uma data que extrapolou a fé cristã e se tornou motivo de lembranças para todas as pessoas que já perderam familiares e amigos. Mas, a morte e seus mistérios são motivos de reflexão filosófica desde que a filosofia nasceu. Platão, por exemplo, tem uma doutrina hedonista, de prazeres equilibrados e moderados, já que a alma não faz parte do mundo sensível, que é o mundo em que vivemos. Para ele, a alma é natural do mundo inteligível, o mundo das ideias.
Santo Agostinho (354-430) tomou como base as ideias de Platão. Para ele, a morte é apenas o outro lado do caminho. Aqui, onde vivemos, é o mundo físico, o do corpo. A morte é uma ponte para o mundo espiritual, o da alma. E é lá onde está a vida eterna, a vida com Cristo. Por isso, assim como na teoria platônica, é preciso equilibrar os prazeres da carne. Os apetites mundanos devem ser neutralizados, racionalmente – como afirmava Platão – para que a alma possa, um dia, alcançar a vida eterna – ou o mundo inteligível, na teoria platônica.
Por outro lado, Epicuro diz que “a morte é uma quimera”. Enquanto o ser existe, ela não existe. E, quando ela existe, o ser já não existe mais. Aparte quaisquer teoria filosófica, sabe-se hoje que a morte é um destino inevitável. Não se sabe a hora, nem o dia. Mas, sabe-se que todo mundo um passará por ela. Seja por algum infortúnio – acidente, doença ou morte trágica – seja por causas naturais. Talvez por isso, ou seja, por saber que todos vamos morrer, é que outro filósofo, Horácio (65-8 a.C.) eternizou a expressão latina Carpe Diem (que significa aproveite o dia, desfrute do presente, confie o mínimo possível no amanhã). Afinal, a gente nunca sabe quando vai morrer, não é mesmo?
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.