Por Marcelo Minka
Sim, mais um filme de dinossauros nas telonas. Desde o lançamento do icônico Jurassic Park dirigido por Steven Spielberg (1993), Hollywood não perdeu a oportunidade de transformar o filme em uma franquia e, desde então, vem tilintando seu cofre com os bilhões de dólares que esta gerou, quer seja em bilheterias dos filmes, quer seja em licenças para uso de imagens em quinquilharias diversas que vão de copos de plásticos a parques de diversões inteiros.
Sejamos sinceros, o primeiro filme, Jurassic Park, foi muito bom. O roteiro adaptado do livro de Michael Crichton era excelente, a direção de Spielberg era excelente, os efeitos especiais e as cenas de ação também excelentes. O que vimos nos filmes subsequentes foi algo do tipo ladeira abaixo, mais do mesmo, cenas e até diálogos repetidos, interpretações risíveis. Quando soube que estavam filmando este Jurassic World fiz aquela cara ‘só pode ser brincadeira’.
Mas não é que o filme é uma grata surpresa? Dirigido por Colin Trevorrow, diretor de outros dois filmes da franquia, Reino Ameaçado, de 2018, e O Mundo dos Dinossauros, de 2015, Jurassic World quase consegue atingir o nível de Jurassic Park. Tecnicamente o filme é impecável, tem excelentes cenas de ação, excelentes efeitos visuais e sonoros e reúne grande parte do elenco dos filmes anteriores.
A produção executiva fica por conta, é lógico, de Spielberg. E o filme demonstra tanta imaginação, tanta criatividade nas cenas que percebemos a mão de Spielberg a todo tempo. Não desmerecendo o trabalho do pouco conhecido Trevorrow.
Desta vez, o argumento principal do roteiro não é o mesmo dos outros filmes da franquia; ‘o homem não pode brincar de ser Deus’. Isto já foi superado, agora tudo gira em torno da ganância corporativa, encarnada na pele do personagem Lewis Dogson, um Elon Musk ao quadrado interpretado por Campbell Scott (A Carta Anônima – 1998). Neste ponto Hollywood fala de si mesma, uma indústria com seus monstros jurássicos mais vorazes por dinheiro do que dinossauros por alimento.
Jurassic World é do tipo ‘tudo ao mesmo tempo agora’, talvez pelo excesso de personagens, parece haver também um excesso de subtramas e conflitos constantes, mas é somente uma primeira impressão. Toda informação, mesmo em excesso, se encaixa na história que tem um bom ritmo, surpresas, piadas que fazem rir e violência visceral. Sem dúvidas, um filme do Spielberg dos velhos tempos.

Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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