Doutor Sono, a sequência do “O Iluminado”

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Se você gosta de terror e ainda não assistiu ‘O Iluminado’ (1980), dirigido por Stanley Kubrick, não perca tempo, assista. ‘O iluminado’ é um daqueles filmes que marcaram a história do cinema. A obra é uma adaptação do livro de mesmo nome de Stephen King, de 1977, protagonizado por Jack Nicholson. Um filme enxuto, direto, claustrofóbico, aterrorizante, um soco na boca do estômago, considerado por muitos como o melhor filme de terror de todos os tempos.

O filme acabou ficando bem diferente do livro, bem menos surreal e Stephen King repudiou publicamente a adaptação que Kubrick fez para o cinema. Ambos se desentenderam. Mas com o tempo, público e crítica passaram a respeitar ambas as obras, cinematográfica e literária, como clássicos do terror e cada uma com seu valor, independentes uma da outra.

Kubrick faleceu em 1999 e, em 2013, Stephen King escreveu uma continuação para seu clássico ‘O Iluminado’, denominado ‘Doutor Sono’, onde retoma a narrativa da vida de Danny Torrance (o menininho de ‘O Iluminado’) mais de 30 anos após o ocorrido, interpretado agora por Ewan McGregor. E aqui começam os problemas. A Warner Bros apostou em Mike Flanagan (A Maldição da Residência Hill – Netflix, 2018), para adaptar e dirigir ‘Doutor Sono’ que estreia nos cinemas nesta semana.

Flanagan é um ótimo diretor, mas faz com que sua adaptação cinematográfica siga à risca a obra literária de King, ao mesmo tempo em que tenta abraçar a estética kubrickiana em detalhes, fazendo com que o filme fique sem personalidade, sem uma identidade, sem estrutura narrativa, um filho bastardo que não consegue sair da sombra do próprio pai ‘O Iluminado’.

Nos momentos em que o filme se afasta de ‘O iluminado’, consegue ter bons momentos. A fotografia é de Michael Fimognari (Ouija 2 – 2016) que faz uso de uma paleta esverdeada e deixa tudo doentio e lúgubre.

Mas mesmo assim podemos considerar ‘Doutor Sono’ um bom filme. Apenas temos que esquecer que ele é, ou tenta ser, uma continuação de ‘O Iluminado’. A direção é competente, e o elenco é dos melhores, só não chega aos pés do seu pai.

Foto: Divulgação

Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.

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