Até os Ossos: uma boa surpresa

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Por Marcelo Minka

Estamos fora da Copa, oficialmente. Então vamos direcionar nossas mentes inquietas, barulhentas e sedentas de excitação para outro foco, talvez política. E com o sangue ainda meio quente do último jogo, vamos falar de sangue.

Você já deve ter visto algum post parecido nas redes sociais, com uma foto bonita de um casal apaixonado e uma frase parecida com “Fim de ano é época de assistir àquele filme em que mulher solteira vai para cidadezinha pequena e encontra homem insuportável, mas os dois se apaixonam e vivem uma linda história de amor”. Se você quer ver esse tipo de filme não assista Até os Ossos, o novo filme do polêmico diretor Luca Guadagnino (Me Chame pelo seu Nome – 2017).

O roteiro é adaptação do premiadíssimo livro de Camille DeAngelis (Bones and All – 2017) e conta a história de uma adolescente que vive à margem social com seu pai, até que um belo dia conhece um marginalzinho e o amor floresce. Bem, já vimos essa história dezenas de vezes, mas aqui a “pegada” é diferente, visceral, intensa e estonteante.

É importante ir ao cinema sabendo quase nada sobre o filme, quanto menos você souber, mais vai gostar, como uma viagem inusitada. Vá apenas ciente que vai rolar amor, mas também muita violência e sangue. Na sala de exibição ouvi várias vezes nas fileiras atrás de mim frases do tipo “what the f@ck!” com as pessoas surpreendidas pelas cenas, e algumas (aquelas que esperavam filminho de fim de ano na Globo) comentando na saída do cinema “odiei o filme”.

Vivendo este movie road pós-moderno temos no elenco Timothée Chalamet na pele do andarilho Lee, Taylor Russel interpretando a adolescente solitária Maren e Mark Rylance (brilhante) como o personagem Sully, um macabro-louco-repugnante-circense completamente fora da casinha. De certa forma, Até os Ossos é um filme sensorial onde os cheiros, toques e temperaturas têm grande importância, onde o que interessa são as intensidades, aqui deleuzianas. E nessas intensidades fica difícil classificar o gênero, uma salada (saborosa) que vai do romance ao terror, passando perto do subgênero gore.

Ver Até os Ossos é uma experiência cinestésica interessante, com um elenco incrível e fotografia belíssima, onde o amor e o terror se equilibram no fio da navalha. Confesso que dormi muito mal na noite em que assisti ao filme, as cenas são chocantes e as metáforas soam como marretadas na cabeça. Mas, em se tratando de cinema, foi a grande surpresa do ano, a grande boa surpresa do ano.

Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.

Foto: Divulgação

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