Amor, Sublime Amor: um filme muito bom de Spielberg

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Por Marcelo Minka

Até tentei assistir “Homem Aranha, Sem Volta para Casa” para escrever na coluna, mas, apesar de estar em praticamente todas as salas de cinema da cidade, só consegui ingressos para terça-feira. Também estava doido pra ver a versão de Spielberg de “West Side Story”, batizado em português de “Amor, Sublime Amor”, tradução feita provavelmente por uma adolescente apaixonada, não há outra explicação, porque de sublime este amor não tem nada. Tem sim, muita intensidade.

Vamos por partes: Este é o primeiro filme muito bom de Steven Spielberg, que se manteve em um deserto criativo por décadas – fez até filme de cavalo quase falante para tentar um Oscar (Cavalo de Guerra – 2011). Este é um remake de um clássico musical da Broadway que virou um filme em 1961, muito longo e chato e que ficou famoso apenas pelas suas músicas. Spielberg ouviu as músicas na Broadway, depois assistiu ao filme e sempre teve vontade de refilmar a história.

Ainda por partes: Spielberg nunca dirigiu um musical, mas se saiu muito bem. Talvez por ser fã da obra, o diretor se manteve fiel ao original em alguns pontos. Manteve a trama toda ligada às transformações grandiosas da Nova York de 1957, onde bairros inteiros eram destruídos para dar lugar a edifícios para a emergente classe média. No meio do furdunço, gangues de imigrantes brancos e latinos se digladiavam por espaço.

O diretor também manteve a fotografia do filme original, aquele amarelado escuro e desbotado e manchado, que é a cor que o amor vai ficando com o passar do tempo. Também manteve as ótimas canções de Stephen Sondheim e a orquestração do mestre Leonard Bernstein.

Para quem não viu o original, o filme é um melodrama shakespeareano contemporâneo novaiorquino e, nesta versão de 2021, incrivelmente lindo. Leitores da coluna já sabem que não sou fã de musical, e um ponto positivo é que este não tem aquela cantoria toda do começo ao fim, tem muitos e bons diálogos. A cenografia encanta do primeiro ao último minuto, prédios caindo aos pedaços que se transformam em elementos gráficos de poesia visual, varais que são linhas composicionais remetendo a partituras musicais… pura beleza. E é por essa magia visual que Spielberg consegue que valha a pena ver o filme.

O elenco é afiadíssimo e afinadíssimo. Há momentos icônicos, como o primeiro olhar entre Tony e Maria. Ali, naqueles segundos, o amor é sublime. Meu marido chegou até a chorar em algumas cenas, mas isso é algo a não ser considerado, ele chora até em desenho animado.

Em exibição em pouquíssimas salas de cinema da cidade, o resto é tudo teia.

Que seu fim de ano seja incrível. Beijos no coração.

Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.

Foto: Divulgação

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